segunda-feira, 12 de julho de 2010

ELEIÇÕES NA ORDEM DOS MEDICOS

RAZÕES DE UMA CANDIDATURA






A minha candidatura a Bastonário da Ordem dos Médicos é lançada por um grupo aberto e alargado de médicos, o Movimento Alternativo à Ordem dos Médicos, que em reuniões periódicas, desde há quatro anos, estudam e discutem os problemas que afectam os médicos e a saúde em Portugal.
O M.A.O.M, tem ainda como objectivo a busca alargada de uma solução para salvar a Ordem dos Médicos da crise de orientação estratégica em que se tem afundado nos últimos anos.

O meu percurso cívico, académico e profissional, que me deu o conhecimento da Medicina praticada noutros países, e a experiência adquirida em todas as áreas de intervenção, desde a medicina preventiva à medicina curativa, hospitalar e ambulatória, esteve na base dessa escolha para candidato.

Costuma dizer-se que um dos privilégios da reforma é o de poder dizer o que se pensa sem arriscar um lugar ou uma promoção, o que seria mais uma vantagem a meu favor. Mas todos aqueles que me conhecem sabem bem que durante toda a minha vida me bati pelos meus ideais sem receio das consequências.

Isto dá a garantia de que não concorro a este cargo para me servir da Ordem mas sim para servir, na Ordem, os médicos, a medicina e a saúde das populações.

A minha candidatura é uma candidatura independente, aberta ao diálogo, que irá em conjunto com todos os médicos das mais diversas sensibilidades e qualificações definir uma estratégia de defesa da qualidade da medicina, dos interesses dos médicos, dos serviços de saúde e da saúde dos portugueses.

No exercício de um cargo de tamanha importância os princípios da transparência, da independência, da honestidade, da franqueza e da abertura de espírito são essenciais.

Adoptamos, como princípios fundamentais:
• A DEFESA DA QUALIDADE DA MEDICINA

• A CONTINUAÇÃO DA DEFESA DAS CARREIRAS MÉDICAS NA PRESPECTIVA TÉCNICO CIENTIFICA

• A DEFESA EM PROGRESSO DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE CONSTITUCIONAL

• A PROMOÇÃO SOCIAL E CULTURAL DOS MÉDICOS

• A REORGANIZAÇÃO DEMOCRÁTICA DA ORDEM

• A DEFESA DOS INTERESSES DOS JOVENS MÉDICOS


A Medicina está num momento de viragem. Sem dúvida a investigação de ponta traz-nos uma contribuição indiscutível, mas por outro lado os limites da prática clínica conduzem a numerosas transformações indispensáveis quer nos hospitais quer nos centros de saúde.

É um facto que o prestígio da profissão médica tem vindo a agravar-se nas últimas décadas em Portugal e em muitos países da Europa. Mais de 40% dos utentes dos sistemas de saúde recorrem às medicinas alternativas ou doces. No caso do nosso país não podemos esquecer os ataques constantes à classe por parte da tutela, sobretudo desde o consulado Leonor Beleza.

Uma das razões apresentadas, por alguns estudiosos desde tema, é o número cada vez maior de especialidades, que naturalmente a investigação científica exige, mas que tem resultado numa fragmentação do saber e de um fraco grau de comunicação horizontal.

A fragmentação dos conhecimentos médicos deveria exigir o funcionamento de equipas multidisciplinares e de transdisciplinaridade, no sentido que lhe deu Piaget, com a coordenação de um generalista ou de um internista. Isto não tem acontecido, antes pelo contrário, tem servido para aumentar os custos médicos, prejudicar o tratamento dos doentes ou conduzir muitas vezes à catástrofe.

A Direcção da Ordem, nos últimos anos, de uma forma irresponsável, tem aumentado o número de especialidades e subespecialidades médicas, muitas vezes por influência de lobbies e não por necessidade dos doentes. Em vez de promoverem o diálogo sobre os problemas da organização do trabalho médico, os membros do Conselho Nacional Executivo insistem neste erro sem delinearem nenhuma estratégia.

A formação universitária ainda privilegia muito o ensino da patologia orgânica em detrimento de um conhecimento holístico.
O hábito do trabalho de equipa e de continuidade das terapêuticas, centradas no doente e não na doença, deve ser uma preocupação dos médicos criando uma colaboração entre o hospital, o ambulatório e o domicílio do doente. Os circuitos de informação médica não devem ser bloqueados.

A sociedade está em constante e rápida mudança e a medicina tem de acompanhar esta evolução e não ficar agarrada a uma organização de trabalho artesanal.

A promoção social e cultural dos médicos é um dos objectivos desta candidatura: “as ciências humanas são tão importantes na medicina como as ciências naturais”.

A reflexão de Abel Salazar, nos anos 30 do século passado, com a sua frase “Quem só sabe Medicina nem Medicina sabe”, é uma evidência esquecida, desprezada e muitas vezes negada na prática.

A direcção da Ordem deve ter um papel activo também na formação pré graduada, em colaboração com as Escolas Médicas e não se limitar, como até agora, a aparecer apenas para a fotografia quando é convidada para sessões públicas.

A defesa das carreiras médicas é uma constante da nossa actuação, uma hierarquia por competência deve ser a base da organização do trabalho médico. A Ordem falhou nesta questão alheando-se da discussão, desprezando o seu património histórico legado pela luta dos jovens médicos nos anos 50-60, deixando aos sindicatos toda a participação no processo de negociação das carreiras.

A Ordem deve dar todo o poder aos Colégios da Especialidade, órgãos eleitos pelos seus pares, para verificarem periodicamente a idoneidade dos serviços, assim como a definição dos programas de formação.
Afirmo, com a autoridade que me dão 17 anos, quase ininterruptos, na Direcção do Colégio da Especialidade de Cirurgia Pediátrica, que estes órgãos eleitos têm vindo a ser menosprezados pelos órgãos executivos da Ordem, sobretudo a partir das direcções do actual Bastonário.
Os Colégios são a principal razão de ser da Ordem, por isso devem ser tratados com respeito. Efectivamente são eles que definem os programas de formação e as idoneidades dos serviços quer públicos quer privados, vigiando a qualidade da medicina praticada.
Actualmente, estes colegas trabalham em condições físicas muito deficientes, apesar do esforço hercúleo das secretárias administrativas. Não existe nem sequer um local para guardar documentação.

Pugnamos pela defesa do Serviço Nacional de Saúde com a introdução dos aperfeiçoamentos necessários. Para quê mudar de sistema se este tem dado bons resultados?
“…um sistema cuja ambição é de permitir a cada um de aceder aos cuidados melhores executados deve ser financiado, e suficientemente financiado, pelo Estado ou por um sistema de seguros organizado pelo Estado. O mercado não é capaz de garantir um equilíbrio de oferta e procura médica, visto que ele produz a exclusão ou o consumo excessivo, ou ainda, como mostra o exemplo dos Estados Unidos da América, ambas as coisas”. Quem o afirma é Ruth Dreifuss, ex-presidente da Confederação Helvética, país capitalista e liberal, com um sistema de saúde baseado nos seguros.

A reorganização democrática da Ordem passa obrigatoriamente pela revisão dos estatutos.

Os actuais estão obsoletos e são a imagem de uma época que queremos estar ultrapassada em que a vontade do Presidente se sobrepunha a todos.

Queremos assembleias deliberativas e participativas e não mais reuniões de carácter consultivo em que a última palavra pertence sempre aos dirigentes. As eleições devem ter em conta o método de Hondt, a fim de que todas as correntes de pensamento dos médicos estejam representadas.

Eu pertenço a uma geração que conquistou e beneficiou de muitos privilégios entre os quais a segurança do pleno emprego, mas estamos também conscientes que as nossas experiências não são verdades absolutas.

É nossa preocupação promover um debate que mobilize as gerações mais jovens.

Assumo o compromisso de:

1. dar maior poder aos colégios, de forma a garantirem a qualidade na formação dos internos e a procederem a uma avaliação justa;

2. defender o jovem em formação de toda a prepotência dos Directores de Serviço;

3. pugnar por um mapa de vagas transparente, que não seja feito à pressa e apenas para tapar deficiências imediatas.

No passado muitos erros destes foram cometidos pelo Ministério.
A Ordem deve intervir e estar presente.

As outras candidaturas a Bastonário, que se apresentam às próximas eleições, são de continuidade do actual stato quo.
Ambos os candidatos pertencem ainda ao Conselho Nacional Executivo e daí a sua enorme responsabilidade pela actual situação que se vive na Ordem.

Uma vitória destes candidatos nas eleições nada de bom auguraria para o prestígio da classe, antes pelo contrário, iria persistir a imagem triste de acusações de gestão deficiente e de suspeição de má utilização dos dinheiros de todos nós.

As declarações de intenção destes candidatos vão ao ponto de defender propostas feitas há três anos pelo nosso movimento nas últimas eleições.

A revisão dos estatutos, tão violentamente criticada numa célebre reunião de médicos na FIL, a dignificação dos colégios da especialidade menosprezados pelo actual Conselho Nacional Executivo, o retomar do fórum médico, o diálogo com as associações de doentes e utentes são metas agora por eles apontadas, quando no passado nem um passo foi dado para a sua efectivação.

A revitalização do fórum médico vem em todos os programas, mas na prática nem sequer uma colaboração com as Sociedades Médicas foi feita. Para o provar está o escândalo dos congressos da comunidade médica de língua portuguesa em que não foi permitida a entrada ao simples médico, nem aos presidentes das Sociedades, algumas das quais com programas de colaboração com os PALOP.
A Ordem tem de ser transparente.
Todas estas promessas fazem lembrar a célebre frase de Tancredi ao Príncipe de Salina, quando lhe explica a decisão de se unir às tropas do Piemonte, imortalizada no romance do Leopardo de Lampeduza : -"Se vogliamo che tutto rimanga come è, bisogna che tutto cambi!".

Colegas! Foram três anos perdidos, passados em querelas, acusações e zangas mesquinhas impróprias de médicos.
A primeira coisa que farei, se ganhar as eleições, será:

1. proceder de imediato a uma auditoria externa e independente das contas da Ordem;

2. proceder à revisão das quotizações, nomeadamente as exigidas para pertencer ao quadro de especialista em titularidade por consenso (actualmente paga-se 400 euros)

Dêem-me vocês força para pôr ordem na Ordem, que uma lufada de ar fresco entrará nesta casa da Avenida Gago Coutinho.

CONTO CONVOSCO!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

AS VUVUZELAS

AS VUVUZELAS




(A pesquiza na Internet passando pela minha filtragem, ou direi mesmo censura)

O barulho ensurdecedor das vuvuzelas e omnipresente no campeonato do mundo de futebol ficou famoso em todo o Mundo.

Apesar das queixas de teleespectadores de toda a parte, de jugadores que disputam o Mundial em risco de se desconcentrarem como aconteceu ao Cristiano Ronaldo, a especialistas em audição que afirmaram o perigo para a saúde pública dos 127 decibéis que atingem tais instrumentos, nenhum responsável ligou nehuma.

Este barulho é maior que o de uma motoserra (100 decibeis), de uma corneta inglesa e do que o apito de um árbito.

A importância deste instrumento é de tal ordem que em vez de o proibirem na medida sensata de prevenção dos danos auditivos causados em todo o Mundo, criando uma epidemia maior que a da gripe A, um cientista de nome Cheryl van der Merwe, afirma que existem meios de diminuir o impacto da vuvuzela e cito: “- Há vários dispositivos de proteção auditiva, de plugues de espuma a faixas abafadoras de som, que podem ajudar a proteger os fãs”.

Os próximos jogos que passarem na televisão não me telefonem porque estarei munido de plugues de espuma.

Fiquei a saber que a origem da vuvuzela é muito antiga. Ela é originária de tribos ancestrais sul-africanas, tradicionalmente feita com o corno da pala-pala, pelo que é conhecida no sul de Moçambique como xipalapala[3], e servia para convocar reuniões.

Aqui deixo a sugestão para aqueles Partidos e Associações em que poucos comparecem às reuniões marcadas.

Parece que este instrumento já existia no Brasil e chamam-lhe corneta, o que levou um empresário Sul Africano a exigir que lhe mudem o nome. Francamente isto é mesmo dos nossos irmãos além-mar, chamar corneta às vuvuzelas! Parece que em São Paulo a coisa está preta com os direitos da marca. Felizmente que a Galp não se lembrou de chamar à vuvuzela, gaita-de-foles ou pífaro se não tinha a Masincedane Sport à perna

Mais de 90 por cento das buzinas vendidas, em todo o Mundo, foram fabricadas na China, as da Galp serão também chinesas?

O fabricante de plástico chinês Wu Yijun, conheceu este instrumento, numa foto na Internet que mostrava um grupo de africanos a tocar trombetas de bambu para espantar babuínos.

Este homem viu chegar o que ele acreditou ser a sua grande oportunidade, quando soube que a África do Sul tinha sido escolhida como anfitriã do Campeonato do Mundo de Futebol.

Segundo o articulista a China já exportou 50 milhões de unidades desde que começou as suas vendas.

Porém o nosso amigo Wu não teve tantos lucros como tinha imaginado, primeiro porque a sua capacidade de produção não foi suficiente para atingir os 10 milhões de unidades, e depois devido aos reembolsos fiscais para os exportadores, quem quiser saber mais leia o artigo em castelhano.

O que mais me interessa, é que Wu enfrentou um panorama relativamente novo no mundo do trabalho chinês a escassez de mão-de-obra, tendo de aumentar ligeiramente os salários.

Mas Wu está com dificuldade para contratar novos empregados para o trabalho que muitos vêm como muito duro e mal pago.

As condições destas fábricas são desumanas, as máquinas de injecção de plástico para fazer Vuvuzelas, chegam a produzir com frequência 100 graus centígrados.

Os trabalhadores chineses, nascidos nos anos 80/90, já não aceitam estas condições, consideram que os ganhos não correspondem ao trabalho que executam.

O movimento grevista que a China enfrenta, contra as condições de trabalho e os baixos salários, a exemplo dos trabalhadores de pequenas fábricas fornecedoras de peças para as grandes empresas Japonesas da Honda e Toyota e que se tem alastrado por toda a costa do país, é um bom sinal para todos os trabalhadores do Mundo.

Nalguns casos os trabalhadores conseguiram aumentos de dois dígitos.

O fim da mão-de-obra barata na China significará um longo e duro período para os fabricantes nacionais, a reestruturação do tecido industrial não é fácil de conseguir.

Quando Alan Greenspan, ex presidente da Reserva Federal Americana, elogiou os salários baixos, na China, como solução para manter os preços baixos e competitivos dos produtos, estava a colocar um peso para os trabalhadores de todo o Mundo.

O aumento dos níveis de vida na China deverá reforçar as perspectivas de uma mudança interna progressista. Estas greves são tão boas para a China como para o resto do Mundo

Quem quiser saber mais sobre o assunto, leia o excelente artigo a Vuvuzela de Alvaro Cuadra na Argenpress.info

http://www.argenpress.info/2010/06/vuvuzela.html

sexta-feira, 2 de julho de 2010