sexta-feira, 25 de junho de 2010

O CAMPEONATO DO MUNDO DE FUTEBOL


Os jogadores da selecção da Argentina mostram um pano o apoio à candidatura das " Avós da Praça de Maio" para o Prémio Nobel da Paz de 2010

As avós da praça de Maio é uma ONG de defesa e promoção dos Direitos Humanos, que se tem ocupado especialmente do Direito à Identidade.

O seu objectivo proseguido desde, 1977, é de restituir aos seus legitimos familiares todas as crianças sequestradas e desaparecidas pela repressão policial que teve lugar na Argentina durante a ditadura militar.
Este crime repugnante de violação do mais elementar direito das crianças, a sua identidade, nunca mais se deve repetir e os responsaveis devem ser castigados.
Para isso é preciso não esquecer. NÃO APAGUEM A MEMÓRIA DOS POVOS

Até ao momento as Avós, conseguiram localizar e restituir a identidade a 101 pessoas.

A filiação de uma criança na ausência dos seus pais, é feita através de analises de ADN, o Banco Nacional Genético e a Comissão Nacional pelo Direito à Identidade colaboram na recuperação dos ex centros clandestinos de detenção para serem transformados em cultos de memória

( escrito a partir do texto da mensagem enviada pela Noémia)

O Ano da Morte de José Saramago

A notícia da tua morte correu mundo, a noticia foi publicada em todos os jornais de grande e pequena divulgação, na maioria dos blogues e percorreu o ciberespaço com mensagens das tuas obras.
Até um candidato a bastonário da ordem dos médicos que se calhar nunca te leu, te cita, imagina!
O meu blogue deve te o nome, porque foi baseado no teu romance A viagem do Elefante, que seguiu o mesmo caminho que o meu, apenas com a diferença que eu parei na Suiça e ele seguiu até Viena de Áustria.

Quase todos se inclinam perante o grande Homem e o único escritor português a quem foi atribuído o prémio Nobel da Literatura.

Só vi uma excepção, o Osservatore Romano, o órgão oficial do Vaticano, num artigo de um desconhecido, que não ficará na história, como já todos esquecemos o nome daquele secretário de estado do Cavaco que te irritou.
É certo que alguns tentam menorizar o teu valor, faz-me lembrar a reacção ultra direita que no tempo do outro nosso prémio Nobel, o da Medicina, que diziam ter sido apenas meio prémio por ter sido dividido com um cientista suíço. Estas atitudes apenas movidas pelo ódio e a inveja.

Acabei de ver um vídeo lindíssimo que me enviou a Lena Pato, filmado em Espanha numa adaptação dum conto teu A MAIOR FLOR DO MUNDO, por Juan Pablo Etcheverrya um, em que tu dizes teres pena de não saberes escrever para crianças, mas esta história é maravilhosa e terminas assim
“ Y si las histórias para niños fueram
De lectura obligatoria para los adultos?
Seriamos realmente capaces de aprender
Lo que, desde hace tanto tiempo venamos ensenãndo?”

O melhor é ver e ouvir o vídeo http://videos.sapo.pt/yR4WfB3GBbi0OFbbbuCA

As crianças certamente dirão: - quando envelhecermos gostaríamos de ser como Saramago LIVRES

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O SOCRATES MENTIU?

MENTIRA (de mentir), segundo o grande dicionário enciclopédico ediclube, é a afirmação contrária à verdade, com intenção de enganar; engano propositado; falsidade; peta.

No mesmo dicionário a definição de detector de mentiras é: Dispositivo capaz de discernir no mentiroso uma reacção emocional (respiratória, cardíaca, vascular ou psicogalvânica) desencadeado por algo que proposto bruscamente, se relacione com a sua mentira.

O velho polígrafo foi posto de parte, assim como o Pentotal de má memória, apelidado de soro da verdade pelas polícias de todo o mundo.

A ciência de novo ao serviço da sociedade, desenvolveu e a indústria construiu o NO LIE MRI, o que quer dizer, a utilização de imagens de Ressonância Magnética Nuclear Funcional, como um novo detector de mentiras, aqui detecta-se durante a reacção emocional do mentiroso uma actividade cerebral acelerada.

Já tentou ser prova num tribunal do Tennessee (estas coisas, só se passam nestes estados americanos), apesar de o juiz ter recusado.

No nosso caso e estando em causa o nosso primeiro – ministro é urgente esclarecer se trata de um mitómano, ou seja com tendência mórbida para exagerar ou mentir, mesmo não sendo psiquiatra arriscaria este diagnóstico: o Sócrates sofre de mitomania.

Porque francamente dizer que o Chico Buarque o queria conhecer!

Apesar da crise e dos vários cortes efectuados na saúde e na justiça, é urgente que se adquira um desses aparelhos, pelo qual deverão passar todos os políticos e naturalmente em primeiro lugar o primeiro-ministro. Vejam só o dinheiro que se poupava, evitando comissões de inquérito com sessões intermináveis, com horas extraordinárias pagas pelo erário público.

Admira até que o relator, sendo médico e oriundo dos renovadores, não tenha proposto a submissão do Engº (ou também será mentira) à nova máquina da verdade. Ficaríamos a saber logo tudo, se era engenheiro, se sabia do negócio da PT, Freeport, Chico, etc… Era só perguntar de forma brusca.




sábado, 12 de junho de 2010

Discurso de José Fernandes Fafe


Que posso eu dizer do Dr. Abílio Mendes? Umas memórias caseiras...
Ele era médico dos meus filhos, e daí, muito falado em casa. Foi o que aconselhou o Dr. Abílio, respondia-me a minha Mulher. Foi o que mandou o Dr. Abílio, calava-me a minha filha. Dr. Abílio dixit, magister dixit ... O argumento de Autoridade. Submeti-me sempre. Explico porquê.

Minha Mulher tinha no Dr. Abílio Mendes uma confiança total. Minha filha, que foi sempre bem disposta, quando o via ficava ainda melhor disposta. O meu filho, uma vez, acabara o Carlos Mendes de ganhar um Festival da Canção, entrou pelo consultório do Dr. Abílio, a cantar: O Verão já terminou/foi um sonho que findou... - E o dr. Abílio?, perguntei à minha Mulher. - Riu-se a bom rir. E ele tinha um riso bom, o dr. Abílio Mendes.
Como se chama aquele livro do Hemingwai ... Paris é uma festa. Os meus filhos, irem ao consultório do dr. Abílio, era para eles uma festa.

Já fiz, de uma forma pouco canónica, talvez, mas eu não sei quais são os cânones...- canónico elogio.

Infundia a maior confiança na sua competência profissional. Estabelecia com as crianças uma imediata relação simpática, que lhe dava as melhores condições de observação clínica. Ergo : um pediatra excepcional.

O cidadão?
Cidadão: o que se preocupa com o interesse geral, e está treinado para reconhecer as situações em que deve sobrepor esse interesse a qualquer outro, incluindo o pessoal.
Do meu conhecimento directo do dr. Abílio Mendes e pelo que me dizem dele, retiro que faz jus ao grau republicanamente sagrado, de cidadão.

Ele pertenceu à vaga geracional que trouxe António Macedo, os Cal Brandão, José Magalhães Godinho, Raul Rego ..., à nossa " longa marcha ", 1926-1974, quarenta e oito anos, quantos ficaram pelo caminho?, mortos, e os feridos, os presos, os torturados, os marginalizados,,,

Isto sem martirológico, que tende a levar a uma espécie de auto-compaixão que não aprecio. Estamos cientes de que a nossa " longa marcha" é apenas um episódio local de uma longuíssima marcha, que vem desde... a origem do Homem, e vai até... - se dissemos " origem do homem", temos de dizer até ao fim do Homem...Porque isto começou sem nós e com certeza acabará sem nós.
Para não falar das informações que nos chegam sobre o post-humano que os geneticistas nos estão a preparar...

Mas eu não vim aqui para incutir mais pessimismo às pessoas...Adiante
Adiante, aonde?     Um riso de criança...  Não ouvem?    São as crianças de que o dr. Abílio Mendes foi médico, que mandaram o seu riso a esta homenagem.      Dançam à roda da evocação que estamos a fazer dele, álacres cintilações de risos de crianças.

E o melhor de tudo, não são ( o Fernando Pessoa enganou-se ) as crianças, mas o riso das crianças.

Já ganhámos o dia

HOMENAGEM A ABILIO MENDES


HOMENAGEM A ABILIO MENDES


BOM DIA a todos.

Queria, em primeiro lugar, agradecer à Câmara Municipal de Lisboa, na pessoa da Drª Catarina Vaz Pinto, Vereadora da Cultura, a linda homenagem ao meu pai que se está a realizar.

Drª Catarina peço-lhe que transmita os meus agradecimentos a toda a equipa da Câmara que trabalhou mais de perto neste projecto. Drªs Teresa Gil, Cristina Bento, Paula Levy, Patrícia Melo e Castro, Isménia Neves e Dr. António Oliveira.

Agradeço também as palavras do Grão Mestre Adjunto do Grande Oriente Lusitano, Dr. António Justino Ribeiro, que muito me sensibilizaram, assim como a mensagem amiga do Dr. Fernandes Fafe, amigo, diplomata e escritor.

Aproveito para enviar um muito obrigado ao Conselho de Administração do Hospital dos Lusíadas e em especial ao Dr. Nobre Leitão pela pronta cedência do auditório e da oferta do Porto de Honra.

Ao Dr. Pedro Grilo, grande impulsionador desta iniciativa, o meu enorme reconhecimento pelo carinho e empenhamento que pôs na realização deste evento, que sem ele não teria sido possível. Peço um grande aplauso.

“Last but not the least”, a todos os amigos que aqui se deslocaram solidarizando-se com esta homenagem, num sábado de manhã, a seguir a um feriado. A eles muito obrigado sobretudo aos que apesar da avançada idade cronológica, mas com uma eterna juventude, se deslocaram de Sever do Vouga, Caldas da Rainha, Évora e Algarve.
Os dados biográficos do meu pai estão bem transcritos na brochura que os serviços da Câmara editaram e que agora distribuíram.
Por isto não me vou alongar na vida do puericultor, que baseado no estudo da escola behaviorista e de Pavlov, criou um ensino de alimentação infantil próprio, que privilegiava, não só os nutrientes como a forma de comer, diferente das escolas académicas, nem do pedagogo no seu ensino continuado aos pais, baseado nas leituras dedicadas à Pedagogia Cientifica, à Escola Activa e aos Filósofos do socialismo. Nem ao tratamento do eczema atópico ou dos Angiomas.
Estas foram algumas das causas do sucesso da sua clínica, durante três gerações consecutivas.

Todos os presentes conheceram, de uma maneira ou de outra, o meu Pai, os consultórios da Travessa do Calado e depois da António Augusto de Aguiar, a figura da D. Odete … , a consulta na CNE e depois EDP, com a competência profissional da enfermeira Edite, E todos têm certamente inúmeras e gratas recordações.

No regresso da Suíça, fui trabalhar com o meu Pai e o meu irmão no consultório. Aprendi muito com eles, ensinaram - me aquilo que as Escolas Medicas não ensinam. Recordo que ele me dizia: Nunca olhes para o relógio durante a consulta, nós estamos a ser observados por toda a família e esse gesto é a maior falta de respeito pelo doente.
Conceitos, que hoje parecem ultrapassados, como a disponibilidade completa para os doentes e as suas famílias, ouvir, reflectir, ter tempo para perguntar, e estudar.
O sentido, que o medico está ao serviço da sua comunidade e deve estar preparado para cuidar das seus molestares e tratar os doentes e não apenas as doenças.
É por isto que a Medicina não pode ser um negócio, nem os hospitais geridos como as antigas fábricas, tão bem caracterizadas nos TEMPOS MODERNOS de Charlie Chaplin.

A atenção ao desenvolvimento da criança, numa visão holística da medicina, foi uma constante na sua clínica. Cito uma frase dum dos seus artigos de divulgação: “ … É, informados neste programa que sempre dizemos às Mães: Vale mais educar do que engordar”

As Faculdades têm de perceber que para o ensino da Medicina, as ciências humanas são tão importantes como as ciências naturais.

Os conceitos de liberdade e democracia que perfilhou, ainda adolescente, foi o legado que nos deixou a mim e ao meu irmão e que ambos tentamos transmitir aos nossos filhos e netos.

No centenário da República vem a propósito recordar uma história que ele contava, sobre Tomé de Barros Queiroz, que além de primeiro-ministro, da 1ª República, foi durante anos Presidente do Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro de Lisboa. Um dia, fez a viagem Lisboa/ Porto em 3ª classe, perante o espanto do revisor que o reconheceu: “então o Senhor Presidente em 3 ª classe?” Ao que ele respondeu. “ Porquê existe 4ª?”

Nunca esqueci uma das muitas frases que ele nos dizia: “Não há nada melhor para uma pessoa que olhar-se todas as manhãs ao espelho e ficar satisfeito com o que vê”.

Na parede do escritório lá de casa havia um quadro, oferecido por um amigo, com a sua caricatura e uns versos, que diziam:

Democracia! Imortal! Nunca serás vencida!
Creio em ti, e esta crença é toda a minha fé!
Um ideal como o teu não cai nem se intimida
Enquanto um Abílio Mendes ainda restar com vida
Enquanto um filho teu ainda existir de pé!

E eu agora acrescento enquanto um neto ou um bisneto teu ainda existir de pé.

Convido agora a Drª Catarina Vaz Pinto e todos os presentes a dirigirem-se ao auditório do Hospital dos Lusíadas, onde se servirá um Porto de Honra seguido de um pequeno convívio.
Muito Obrigado!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Homenagem a Abílio Mendes


No dia 5 de Junho de 2010, foi inaugurada a Rua Abílio Mendes por decisão da comissão de toponomia da Câmara Municipal de Lisboa. O descerramento da placa esteve a cargo da vereadora da Cutura, Drª Catarina Vaz Pinto que acompanhada dos filhos, Jaime Mendes e Carlos Mendes, retiraram a bandeira que cobria a placa, ao toque do hino da Maria da Fonte da Câmara Municipal de Lisboa

A rua fica situada no Alto dos Moinhos, na freguesia de São Domingos de Benfica e passa a ter o nome da rua do Hospital dos Lusíadas. Ironia do destino de um homem a quem foi proibida a carreira hospitalar.
A evocação da figura do homenageado ficou a cargo do Grão Mestre Adjunto do Grande Oriente Lusitano, Dr António Justino Ribeiro, do diplomata e escritor, Dr. Fernandes Fafe, do filho, Jaime Teixeira Mendes e da vereadora para a Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Drª Catarina Vaz Pinto

Seguiu-se um cocktail, gentilmente oferecido pelo Conselho de Administração do Hospital dos Lusiadas, e de um convivio no auditório.

O neto, Francisco Mendes, apresentou a sessão, onde foram lidas cartas de amigos do Abílio Mendes que não conseguiram comparecer. O Dr. Ferraz de Abreu usou da palavra lembrando a acção do homenageado nos serviços médico-sociais, primeiro da Companhia Nacional de Electricidade, mais tarde EDP, seguido do Dr. Pedro Grilo, amigo e antigo cliente do consultório.

Seguiu-se um momento cultural com Jazzafari, com a interpretação do outro neto João, que cantou um bolero, um momemto de poesia por Joaquim Pessoa terminando com uma intervenção do filho Carlos Mendes cantando, o menino do bairro negro de Zeca Afonso.


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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Dia Mundial da Criança de Abílio Teixeira Mendes

Neste dia aconselho a leitura de um artigo escrito pelo meu saudoso irmão Abílio, nos anos idos de 1973 na Revista de Pediatria que foi reeditado no ano passado.

www.spp.pt/App/default.asp?IDE=16&offset=10
Editorial

Não poderia a Sociedade Portuguesa de Pediatria deixar de assinalar o Dia Mundial da Criança, convidando os colegas a meditar sobre o destino dos pequenos seres cujo desenvolvimento controlam, arrancando-os, não raras vezes, a uma morte precoce ou à invalidez total.

Publicado, originalmente, em separata na «Revista Portuguesa de Pediatria» Vol. 4, N 2, 1973.