terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
AUTO DO RELVAS
Recebi por e-mail este fantástico texto escrito por 3 alunos de uma escola de Coimbra. Gonçalo, Carolina e Filipe, alunos da Escola EB23 Dra Maria Alice Gouveia, fizeram esta adaptação do " Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente, numa aula de Português.
Vem Miguel Relvas conduzindo aos zigue zagues o seu Mercedes banhado a ouro e sai do carro com o seu diploma na mão. Chegando ao batel infernal, diz:
RELVAS? Hou da barca!
DIABO? Ó poderoso Doutor Relvas, que forma é essa de conduzir?
RELVAS? Tirei a carta de scooter e deram-me equivalência. Esta barca onde vai hora?
DIABO? Pera um sitio onde não hai contribuintes para roubar!
RELVAS? Pois olha não sei do que falais? Quantas aulas eu ouvi, nom me hão elas de prestar?
DIABO? Ha Ha Ha. Oh estudioso sandeu, achas-te digno de um diploma comprado nos chineses ao fim de três aulas?
RELVAS? Um senhor de tal marca não há de merecer este diploma?
DIABO? Senhores doutores como tu, tenho eu cá muitos.
Miguel Relvas, indignado com a conversa, dirige-se ao batel divinal.
RELVAS? Oh meu santo salvador, que barca tão bela, porque nom eu d'ir eu nela?
ANJO? Esta barca pertence ao Céu, nom a irás privatizar!
RELVAS? Tanto eu estudei, que nesta barca eu entrarei.
ANJO? Tu aqui não entrarás, contribuintes cortaste, dinheiro roubaste e um curso mal tiraste
Relvas, sem alternativa, volta à barca do Diabo.
RELVAS? Pois vejo que não tenho alternativa. Nesta barca eu irei? Tanto roubei, tanto cortei, não cuidei que para o inferno fosse.
DIABO? Bem vindo ao teu lar, muitos da tua laia já cá tenho e muitos mais virão. Entra, entra, ó poderoso senhor doutor magistrado Relvas. Pegarás num remo e remarás com a força e vontade com que roubaste aos que afincadamente trabalharam.
Este texto,escrito por alunos liceais de 14 anos, mostra que o nosso ensino não é assim tão mau!
Oh Relvas até as crianças!
sábado, 23 de fevereiro de 2013
A DEMOCRACIA
“ Jamais on ne corrompt le
peuple, mais souvent on le trompe, et c'est alors seulement qu'il parait
vouloir ce qui est mal”
Rousseau J.J.;Contrat social, livre II, chap.III, ed.
Citée,pg64
Cantou-se Grândola Vila Morena nas galerias do Parlamento e
esta canção do Zeca Afonso renasceu e atravessou fronteiras.
O povo é quem mais ordena, volta a ser a voz dos indignados,
daqueles que querem participar na construção do seu país e não os deixam.
Se relembrarmos os socialistas românticos, como Rousseau, vimos
que eles de uma forma clarividente alertavam os seus contemporâneos para os
governos da “volonté de tous”.
Sobre a democracia representativa, este “terrível terrorista”
sublinhava, como uma notável evidência, que nunca poderia existir soberania e
liberdade politicas sem a intervenção consciente e ativa do conjunto dos
cidadãos.
A propósito do regime parlamentar inglês, Rousseau escrevia:
“ Le peuple anglais pense être libre, il
se trompe fort; il ne l'est que durant l'election des membres du parlement:
sitôt qu'ils sont élus, il est esclave, il n'est rien” (in Contrato
social).
Os arautos da defesa da democracia parlamentar querem
perpetuar um regime que possa ludibriar um povo pelo menos durante quatro anos
e voltar a fazê-lo por mais outros quatro.
Durante o período eleitoral há um contrato mútuo entre os
cidadãos e aqueles que se propõem representá-los. Quando estes (os governantes)
quebram o contrato, como tem feito o atual governo, tudo no melhor do mundo
para estes senhores.
Mas se o povo quer quebrar o contrato, porque se sente
enganado, isso não é possível, tem de se sujeitar a uma espécie de fidelidade contratual
por quatro penosos anos.
Voltemos ao Contrato social: “les deputés du peuple ne sont
donc ni ne peuvent être ses représentants, ils ne sont pas que ses
commissaires; ils ne peuvent rien conclure définitivement. Toute loi que le
peuple en personne n'a pas ratifiée est nulle; ce n’est point une loi.”
O que diria o pobre Jean Jacques se vivesse na Europa de
hoje!
Alguns dos atuais socialistas, aqueles que enterraram para
sempre o socialismo num caixão e aderiram alegremente ao capitalismo, claro sem
ser o selvagem, renegam o pensamento desse e de outros filósofos do século
XVIII, ainda hoje tão vivos.
Como pediatra, ensino sempre aos pais, na minha consulta, que
nunca devem mentir aos filhos.
Se estabelecem com os filhos um contrato, como por exemplo
prometendo-lhes uma prenda se se portarem bem, e se querem que eles os
respeitem (como os filhos devem respeitar os pais), deverão cumprir a sua
palavra para que mais tarde os filhos não se revoltem.
O que se passa com os nossos governantes é o mesmo. Mentiram
descaradamente não cumprindo as promessas eleitorais, apresentam ministros falsários,
roubam descaradamente os ordenados e as pensões de reforma dos trabalhadores,
retiram regalias sociais, aumentam as taxas moderadoras nos estabelecimentos de
saúde, sobem as propinas, cortam nas bolsas de estudantes, fazem subir o
desemprego e isto tudo às ordens das Ditaduras de Bruxelas e da Troika. Isto é
que é violência!
Mas se os cidadãos protestam e ordeiramente vão cantar uma
canção de protesto nas galerias do Parlamento, ai Jesus que a Democracia está
em perigo.
Saiam dos seus lugares de parlamentares em Lisboa ou em
Bruxelas, desçam dos seus belos carros e oiçam o ruído da rua, o mundo está a
mudar.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
ISTO É FASCISMO
O BUFO
Muitos que não conheciam esta personagem vão agora conhecê - la graças a este governo " neo-liberal".
Quando era muito jovem, aí pelos meus 16 anos, ía quase todos os sábados à noite ao cinema. Além do filme, o mais importante era o intervalo e a ida ao foyer, para observar as raparigas, normalmente mais velhas.
Eu e os meus amigos fumávamos um cigarrinho, para parecermos mais velhos ( julgávamos nós).
Os intervalos eram tão importantes que quando fazíamos a nossa critica cinematográfica, costumávamos dizer:- o filme é muito melhor depois do intervalo.
Voltando ao foyer, os mais cobiçados pelas raparigas acendiam o cigarro num golpe de isqueiro, alguns de nós muito habilidosos.
Abrindo, novamente, um parêntesis para os mais jovens, existia uma lei que proibia utilizar o isqueiro na rua, ou por outra segundo a lei só podia ser utilizado debaixo de telha. Assim, o bufo/fiscal das finanças marcava durante o intervalo todos os incautos que utilizavam os seus lindos isqueiros, alguns pertencendo aos pais, e à saída do cinema pediam lume aos jovens que ingenuamente caíam na armadilha e eram multados e ficavam sem isqueiro que era apreendido. A justificação desta lei estúpida dada pelos fascios é que assim se protegia a empresa nacional da fosforeira. A lei foi revogada provavelmente porque os filhos dos senhores do regime já estariam fartos de ficarem sem isqueiros.
O gene da estupidez fascista está inscrita no ADN deste governo e assim aparece aquela famigerada lei das facturas, aquela a que o meu amigo Viegas se insurgiu, declarando que mandava os bufos " tomar no cu", coisa que nunca poderíamos ter dito nos idos anos cinquenta, sem arriscar a prisão.
Eu sei que o ex secretário de estado da cultura passa muito tempo no Brasil, por isso perdoo-lhe o brasileirismo de tomar no cu, em português vernáculo diz-se: - levar ou apanhar no cu, tomar é mais utilizado para um clister ( O sr vai tomar um clister).
Mas cuidado, se não os mandarmos todos tomar, levar ou apanhar no cu, regressamos rapidamente a um passado que não queremos.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
4 de Fevereiro
4 de Fevereiro
O dia 4 de Fevereiro assinala uma série de factos importantes da História Mundial, desde a invasão Mongol da Rússia, passando pela eleição de Georges Washington até ao fim da batalha de Estalinegrado.
Contudo, há dois factos gravados para sempre na minha memória:
-O primeiro, ver post de 3 de Fevereiro de 2010 - 45 anos depois-, em que a Teresa conta a história da sua prisão, aconteceu há 49 anos.
O segundo marca o inicio da luta armada em Angola, pelo menos segundo o MPLA, com o assalto à Casa de Reclusão Militar em Luanda por 200 patriotas angolanos.
Contudo, há dois factos gravados para sempre na minha memória:
-O primeiro, ver post de 3 de Fevereiro de 2010 - 45 anos depois-, em que a Teresa conta a história da sua prisão, aconteceu há 49 anos.
O segundo marca o inicio da luta armada em Angola, pelo menos segundo o MPLA, com o assalto à Casa de Reclusão Militar em Luanda por 200 patriotas angolanos.
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