O NOBEL E AS ARMAS QUÍMICAS
O pedido de retirar o Prémio
Nobel da Paz a Barack Obama, atribuído em 2009, aparece hoje como uma exigência
em vários jornais e blogues. Este facto seria uma resposta à cedência do
Presidente dos Estados Unidos da América aos lóbis judaico e do armamento.
Os prémios Nobel sempre foram
atribuídos segundo conveniências políticas (Kissinger em 1973), por isso
figuras de relevo internacional o recusaram, infelizmente raríssimas, como foi
o caso de Jean Paul Sartre.
Quem era Alfredo Nobel (1833
- 1896)?
Químico sueco, fabricante de
armas inventou a dinamite o que o tornou multimilionário. Talvez com remorsos,
legou a sua enorme fortuna para a criação dos prémios com o seu nome.
A utilização das armas
químicas, data da I Guerra Mundial, com a utilização pelo exército alemão de
gazes tóxicos, em 1915, em Ipres, França. Todos os da minha idade ouviram e
conheceram os gaseados de guerra que combateram no Corpo Expedicionário
Português. A utilização destes gases deveu-se a um laureado do prémio Nobel da
Química (1918) Fritz Haber que foi chefe do departamento de armas químicas do exército
do Kaiser.
Desde 1925 que se adoptou o
Protocolo de Genebra proibindo a utilização destas armas. Hoje, 195 países
assinaram a proibição de armas biológicas e químicas, ficaram de fora Israel e
a Síria.
Actualmente outro Nobel,
Barack Obama, presidente de um país que foi o único que utilizou armas atómicas
acha-se com o direito, seguindo a política belicista e imperialista dos seus
antecessores, de arrasar a Síria com a justificação que armas químicas foram
utilizadas pelo governo deste país contra o seu próprio povo.
Tudo indica, segundo as
últimas noticias, que o massacre a este de Damas provocado pelo gaz Sarin partiu
das forças opositoras a Bachar el-Assad.
Pelo menos em França, já
havia a suspeito da utilização deste neurotóxico neste conflito, quando numa
reportagem na região de Jobar, jornalistas do Monde trouxeram amostras de
sangue, urina e cabelos de 13 potenciais vítimas e que revelaram a presença de
gaz Sarin. A Rússia possuía também amostras positivas recolhidas em Khan al-
Assal do uso deste gaz pelo chamado “exército sírio livre”.
O gaz Sarin já tinha sido responsável
pela morte de centenas de pessoas no atentado no metro de Tóquio perpetrado
pela seita Aum Shinrikyo que fez 12 mortos e 5500 feridos. No teatro Dubrovka de Moscovo, após a tomada de cerca
de 800 reféns por um grupo terrorista, os comandos russos anti motim introduziram
o agente químico na ventilação ocasionando a morte de 39 terroristas e 129 reféns.
Infelizmente já nos habituaram,
o que é terrível, que os tratados internacionais são bastas vezes violados e
sempre pelos mais fortes.
Durante a guerra do Vietname,
os Estados Unidos utilizaram esfoliantes químicos, o tristemente célebre Agente
Laranja que afectou cerca de 4 milhões de vietnamitas e centenas de soldados
norte americanos.
Ainda hoje nessas zonas
continuam a nascer crianças com malformações.
Procedeu-se a acções judiciais contra as
companhias Montana e outras fabricantes deste composto, mas até agora as
indeminizações não foram pagas nem aos vietnamitas nem aos ex combatentes do exército
americano.
A proposta russa de obrigar a
Síria a submeter o seu armamento químico à supervisão internacional e proceder
à sua destruição, é boa e esperemos que se torne extensiva a todos os países do
mundo.
Oxalá se evite a guerra.
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