RECADO DE EZEQUIEL DE CAMPOS (12 /12 / 1874 a 11/6/1965) A
CAVACO SILVA ( 15/7/39)
Aníbal Cavaco Silva, economista, politico e utilizador do
facebook, foi um dos responsáveis pela destruição da agricultura e das pescas
em Portugal, o que conduziu ao empobrecimento do país e à desertificação do
interior.
Em sua defesa, dirá certamente, que cumpriu ordens de
Bruxelas. No Tribunal de Nuremberga, no julgamento dos responsáveis nazis,
também todos cumpriram ordens e com que afinco!
Ezequiel Campos, engenheiro e economista, escritor e
político, foi deputado à Assembleia Constituinte de 1911 e apresentou, na
sessão de 27 de Julho de 1911, um projecto de lei de Utilização dos Terrenos
Incultos.
Não vou fatigá-lo com a transcrição ipsis verbis do projecto de lei que foi editado em livro em 1911, na
tipografia da livraria ferin e que poderá encontrar nos anais da Assembleia da
República.
Para os meus outros seguidores do blogue, que desconhecem o
tema, direi que este projecto propunha a irrigação do Riba e Alentejo, ligando
os rios Tejo (a partir da bacia do Rodão) ao Guadiana e ao Sado, o que
transformaria, nos meses de estio, o deserto alentejano em terras cultiváveis.
Vejam, quanto tempo esperámos pelo Alqueiva e quanto mais iremos esperar pela
obra de regadio.
Acrescentava, em defesa do seu projecto, que os rios seriam
navegáveis, o que permitiria irmos de Lisboa a Madrid de barco, e
fundamentalmente os navios de carga transitariam à vontade ( não precisaríamos do
TGV). Como o Alentejo já estava desertificado, transformado em coutadas pelo
Rei D. Carlos, propunha a migração da gente do Minho e das Beiras para
cultivarem as terras incultas.Argumentava, que faziam mais falta aí do que em África ou Brasil.
Para os nossos governantes, o amigo Ezequiel, deixou algumas
dicas que eu passados cem anos transcrevo:
–
“Toda a
nação que tem terra arável inculta ou apenas desbravada, e que importa pão e
exporta párias, está profundamente desequilibrada.”
–
“A
necessidade, urgente mais que nenhuma outra, de produzir no país as substâncias
e matérias primas que de longa data sempre temos importado, deixando o nosso
solo inculto; a impossibilidade de equilíbrio nas finanças e de pagamento da
divida nacional, sem nos aproximarmos de aquele equilíbrio de produção e
consumo”.... “a má orientação do nosso ensino e a péssima tendência da nossa actividade sempre acorrentada ao lugar do orçamento,”...”nos fariam hesitar na
praticabilidade da salvação nacional, se um conjunto de circunstancias, de que
havemos de lançar mão, não nos habilitasse a esperar uma mudança completa na
orientação moral e politica, na economia e nas finanças portuguesas.”
–
“Velharias
de direito não poderão ser invocadas para estorvo da valorização do que é
necessário para todos nós: a terra, com dono ou sem dono, desde que está e tem
estado inculta, há-de passar a ser cultivada.”
NOTA DE RODAPÉ:
A dinastia de Bragança deixou Portugal pobre, endividado e
sob o domínio inglês. Semelhanças há com a nossa situação actual.
D. Carlos foi morto, e anos depois deu-se a revolução do 5 de
Outubro, com a implantação da República. Ezequiel de Campos, deputado à
Assembleia Nacional Constituinte, como muitos republicanos, exprime no fim
desta citação a esperança numa mudança completa na orientação moral e política
do país.
Para bom entendedor.
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