A GUERRA COLONIAL
Mais de cinquenta anos passaram-se sobre o início das guerras
nas colónias portuguesas de África e a sua história ainda não nos foi contada.
Excepção feita a alguns livros escritos por ex militares portugueses e,
sobretudo, ao intenso trabalho jornalístico de Joaquim Furtado na sua
reportagem televisiva “ A Guerra”, os
portugueses, e sobretudo os jovens, pouco sabem sobre ela.
O 25 de Abril de 1974 deveu-se ao empenhamento de militares
do quadro permanente - muitos com várias campanhas em África - e por isso, mas
não só, esta página da nossa História foi congelada.
Muitos outros assuntos tinham urgência em serem resolvidos:
analfabetismo, fome, saúde, habitação, eram problemas que colocavam o nosso
país na cauda da Europa e envergonhavam cada um de nós.
Infelizmente, o confronto da sociedade com os seus fantasmas
não foi feito: nem em relação à Guerra Colonial, nem em relação ao fascismo. Os
da minha geração lembram-se bem da maneira ignóbil como foram absolvidos os
carrascos da PIDE pelos juízes civis e militares, que oportunamente o filme de
Bruno Almeida “Operação Outono”,
sobre o caso Humberto Delgado, nos veio agora reavivar a memória.
Segundo a minha fraca opinião, a isto se deve muito a
evolução da nossa Democracia, em que muitos falsos democratas colaboraram,
escondidos a principio nos partidos políticos, e mais tarde descaradamente, por
vezes, nos seus órgãos dirigentes.
Como escreveu Dostoievski, no célebre romance, os Irmãos
Karamazov: “Se Deus morreu tudo é permitido,” ao que eu acrescento: sobretudo
quando a Justiça dos Homens não funciona.
E assim este pobre país, depois da sua libertação, assistiu e
assiste ao regabofe dos banqueiros agiotas e dos políticos corruptos. Sem
democratas não se pode construir a DEMOCRACIA
Não tendo nenhuma simpatia pelos governos dos Estados Unidos
da América, mas reconheço, com inveja, a capacidade do seu povo lidar com os
seus fantasmas. Refiro – me, em especial, aos excelentes filmes produzidos e de
grande divulgação sobre a Guerra do Vietname e agora a Guerra do Iraque. A
velha Europa não possui esta capacidade de autocritica, exemplo disto é a forma
como a França e os franceses viveram e vivem a guerra da Argélia e, mais
recentemente, à atribuição do Prémio Nobel da Paz a este
velho continente numa tentativa de apagar a tão recente guerra na ex
Jugoslávia. Será que os Balcãs não são Europa?
Hesitei muito em publicar este panfleto que guardo sobre os
Massacres em Moçambique, mas faço-o na esperança que contribua para que os
leitores do blogue tenham maior informação sobre este período.
Sem comentários:
Enviar um comentário