O SONHO DO SECRETARIO DE ESTADO DA SAUDE
Um belo
dia, o Ministro da Saúde manda reunir o seu staff
e comunica: - haverá um incentivo para aquele que me fizer a melhor proposta
para reduzir os gastos na saúde.
- Ainda mais? Pergunta
atónito, um dos presentes.
- É a única forma de salvarmos o Serviço Nacional de Saúde,
responde o Ministro.
- Já não vou nessa, pensa outro membro do staff, foi, mas foi
a Troica que mandou, tu estás – te nas tintas para o SNS.
Mas o incentivo prometido, funcionou. Talvez fosse um lugar
de Ministro ou de Administrador Hospitalar de uma PPP.
O nosso herói, Leal da Costa, foi para casa a matutar numa
solução milagrosa de poupança de gastos e adormeceu no sofá, enquanto via a
“Casa dos Segredos”.
Crianças e adolescentes esbeltos, magros e musculados, bem
alimentados passeavam-se pelas cidades, vilas e aldeias do país. Mais pareciam
atletas atenienses a prepararem-se para as olimpíadas. Aqui teve um sobressalto
e quase acordou (por favor mais gregos não!).
Voltou ao sono ren (
vulgo vigil) e viu as portagens de Alverca, à entrada de Lisboa, com um dístico
enorme, Mens sana in corpore sano.
A crise tinha atingido os fast
food, Mc Burger e Wimpis fechavam em catadupa. As nossas crianças, bem
educadas na prevenção da obesidade, recusavam as prendas oferecidas pelas
cadeias de fast food que chegaram a
oferecer play stations dentro de pacotes de batatas fritas e tudo a preços da “
uva mijona”. E estes, os pacotes de batatas fritas já não se fabricavam.
A fábrica dos pastéis de nata faliu. O Ministro Álvaro Santos
Pereira, numa crise de loucura voltou para o Canadá, aos gritos: - deram cabo
do meu negócio!
As refeições, concebidas por nutricionistas, eram fornecidas
nas escolas e a disciplina de educação física voltava a contar para a nota de
final de ano. Em três penadas arrumava com o Crato, já despachara dois
ministros e resolvia o problema da obesidade infantil.
O português médio, depois dos 40, jamais seria o barrigudo
com o estômago dilatado ( sinal de gordura cardíaca) e as mulheres continuavam
esbeltas e não mais exibiriam a sua queue
de cheval proeminentes, para quem desconheça o termo é o vulgarmente
chamado rabo em pêra com gordura pré trocanteriana. (lembremos que era um
sonho de um médico).
Outras adições para os jovens acabavam, o tabaco pagava um
imposto tão alto que só os milionários fumavam, os outros passavam a fumar
barbas de milho, o que não é viciante. Todas as drogas tinham acabado. E isto tudo
devido a uma simples intervenção na televisão do nosso querido secretário de
estado a pedir para não recorrermos tanto aos serviços de saúde.
As doenças respiratórias, ainda pesavam muito no orçamento da
saúde. Assim, proibiu-se a circulação de veículos a motor em todas as cidades.
Os vendedores e construtores de automóvel revoltaram-se mas a polícia de choque
foi implacável e os protestos acabaram. Os Ministros , Secretários de Estado e
deputados da maioria parlamentar eram os únicos que podiam circular em veículos
motorizados.
Nas doenças infecciosas: - SIDA, Tuberculose, etc., os
doentes eram obrigadas a colocar um sino no artelho para avisarem à sua
passagem. (como na Idade Média os leprosos).
Faltava reduzir o número de depressões que ainda recorriam
muito ao SNS e despendiam muito dinheiro em medicamentos. Ideia luminosa,
privatiza-se a Televisão; o Relvas, Passos e Gaspar ficam contentes e a
programação passa a ser novelas cor-de-rosa e concursos tipo “Casa dos
Segredos” ou “Quem quer ser milionário” e no Noticiário será proibido falar
sobre a crise ou desemprego. Os suicídios serão incentivados nos mais velhos, a
fim de corrigir a pirâmide etária.
O nosso herói dormia a sono solto com um sorriso beatífico
nos lábios, gulosando já a sua cadeira de Ministro da Educação ou da Economia,
seguramente o curso de Medicina não seria impeditivo para o lugar, pois, até
tinha um curso de administração hospitalar pela Católica.
Bruscamente acorda estremunhado com um grito: - ACORDAI!
Porra, agora Lopes Graça e as Heróicas NÃO!
Tem aqui um excelente texto, Dr!!!
ResponderEliminarA imagem do "nosso herói" com um sorriso beatífico é um "must". Até dá para nós imaginarmos o senhor numa cena qualquer, digna de um desenho animado com aquelas personagens maquiavélicas que mostram aquele sorriso com um brilho suspeito e os olhos a faíscarem coisas estranhas...
Valha-nos ainda algum sentido de humor, mas isto não está nada fácil.
Obrigado pelos seus comentários
EliminarMuito bom o triste é saber que estamos a caminhar para isso...
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