segunda-feira, 6 de maio de 2013

AS FINANÇAS






FINANÇAS


O texto que vou redigir martela-me na minha cabeça desde que se instalou esta crise económico-financeira mundial, para a qual não se avizinha uma solução.
Felizmente que a medicina não sofre da mesma doença que a economia.
Imaginem o que seria se tudo o que me foi ensinado, como médico, pelos meus mestres se revelasse errado como parece estar a acontecer na Economia aonde nem sequer os Prémios Nobel se entendem.
Aliás não existe Prémio Nobel da Economia, pois Alfred Nobel não o previu, e esta condecoração
foi criada, em 1968, pelo Banco Central da Suécia e desde esta data muitos dos galardoados nem sequer são economistas. Congratulemo-nos, ao menos, por existirem economistas para todos os gostos o que dá um leque largo de opções para os nossos governantes.
Antes de prosseguir tenho de fazer a minha declaração de incompatibilidades, sempre tive e tenho muitos amigos economistas, em abono da verdade menos financeiros, formados no antigo Instituto Superior de Económicas e Financeiras.

Quando tive de escolher o curso universitário, após ter terminado o liceu, isto em 1961,várias possibilidades se me colocaram. A medicina, engenharia e direito eram as escolas mais pretendidas e mais prestigiadas, letras e ciências estavam destinadas ao ensino, ou na geologia ler o boletim meteorológico. Como tinha optado no quinto ano pela alínea f) sobrava Agronomia ou Veterinária que estavam destinadas aos filhos dos agrários ribatejanos e alentejanos. Quem pretendesse ir para Arquitectura tinha de escolher outra alínea e era tida como uma escola de boémios, não era um curso era um recurso, aliás ainda hoje é menorizada, senão vejamos: -costumo ir almoçar a um restaurante em que o dono trata todos os clientes por senhores doutores ou senhores engenheiros; muitas vezes encontro aí um grande amigo meu arquitecto, que também não escapa ao tratamento da casa de senhor doutor. O dono já cansado de estarmos sempre a emendá-lo, não é senhor doutor é senhor arquitecto, retorquiu:-“ não tenha pena senhor arquitecto, qualquer dia chega a senhor doutor”.
Já me ia esquecendo da Farmácia mas a concorrência era fraca e sobretudo feminina. Outros cursos Sociologia, Psicologia, Gestão não existiam e como não eram do agrado do ditador, sobretudo os dois primeiros, só tiveram carta de alforria depois do 25 de Abril de 1974.
Depois havia o ISCEF, mais conhecido por instituto de económicas e bagaceiras.

Pelo que se me tem dado observar durante esta crise será que há um pouco de verdade neste dichote. Se não vejamos enganam-se nas perspetivas, uns gritam AUSTERIDADE e outros Crescimento, cada um, teima na sua teoria. As folhas de Excel estão mal preenchidas para nos baralhar inventam nomes como subprimes, swaps, agências de rating, e depois pedem desculpa, como se nada fosse, nada preocupado com as vidas humanas. E ainda por cima ir ao mercado é complicadíssimo não é como nós fazemos que sempre temos a alternativa dos supermercados e as promoções do Pingo Doce.
Impuseram a ficção do Homo economicus responsável pelas suas escolhas racionais e que deve arcar com as suas consequências, pugnando por um mundo neo-liberal onde impera a competição de todos contra todos.
Também existem médicos que matam os doentes por insistirem em terapêuticas erradas e inventam palavras complicadas em inglês, mas felizmente são poucos e por isso podem e devem ser responsabilizados. E estes senhores será que nunca são responsabilizados pelos seus erros, será que são irresponsáveis ou como dizíamos em jovens são mais da bagaceira que da financeira.





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