FINANÇAS
O texto que vou redigir martela-me na minha cabeça desde que
se instalou esta crise económico-financeira mundial, para a qual não se
avizinha uma solução.
Felizmente que a medicina não sofre da mesma doença que a
economia.
Imaginem o que seria se tudo o que me foi ensinado, como
médico, pelos meus mestres se revelasse errado como parece estar a acontecer na
Economia aonde nem sequer os Prémios Nobel se entendem.
Aliás não existe Prémio Nobel da Economia, pois Alfred Nobel
não o previu, e esta condecoração
foi criada, em 1968, pelo Banco Central da Suécia e desde
esta data muitos dos galardoados nem sequer são economistas. Congratulemo-nos,
ao menos, por existirem economistas para todos os gostos o que dá um leque
largo de opções para os nossos governantes.
Antes de prosseguir tenho de fazer a minha declaração de
incompatibilidades, sempre tive e tenho muitos amigos economistas, em abono da
verdade menos financeiros, formados no antigo Instituto Superior de Económicas
e Financeiras.
Quando tive de escolher o curso universitário, após ter
terminado o liceu, isto em 1961,várias possibilidades se me colocaram. A
medicina, engenharia e direito eram as escolas mais pretendidas e mais
prestigiadas, letras e ciências estavam destinadas ao ensino, ou na geologia
ler o boletim meteorológico. Como tinha optado no quinto ano pela alínea f)
sobrava Agronomia ou Veterinária que estavam destinadas aos filhos dos agrários
ribatejanos e alentejanos. Quem pretendesse ir para Arquitectura tinha de
escolher outra alínea e era tida como uma escola de boémios, não era um curso
era um recurso, aliás ainda hoje é menorizada, senão vejamos: -costumo ir
almoçar a um restaurante em que o dono trata todos os clientes por senhores doutores
ou senhores engenheiros; muitas vezes encontro aí um grande amigo meu
arquitecto, que também não escapa ao tratamento da casa de senhor doutor. O
dono já cansado de estarmos sempre a emendá-lo, não é senhor doutor é senhor arquitecto,
retorquiu:-“ não tenha pena senhor arquitecto, qualquer dia chega a senhor
doutor”.
Já me ia esquecendo da Farmácia mas a concorrência era fraca
e sobretudo feminina. Outros cursos Sociologia, Psicologia, Gestão não existiam
e como não eram do agrado do ditador, sobretudo os dois primeiros, só tiveram
carta de alforria depois do 25 de Abril de 1974.
Depois havia o ISCEF, mais conhecido por instituto de
económicas e bagaceiras.
Pelo que se me tem dado observar durante esta crise será que
há um pouco de verdade neste dichote. Se não vejamos enganam-se nas perspetivas,
uns gritam AUSTERIDADE e outros Crescimento, cada um, teima na sua teoria. As
folhas de Excel estão mal preenchidas para nos baralhar inventam nomes como
subprimes, swaps, agências de rating, e depois pedem desculpa, como se nada
fosse, nada preocupado com as vidas humanas. E ainda por cima ir ao mercado é
complicadíssimo não é como nós fazemos que sempre temos a alternativa dos
supermercados e as promoções do Pingo Doce.
Impuseram a ficção do Homo
economicus responsável pelas suas escolhas racionais e que deve arcar com
as suas consequências, pugnando por um mundo neo-liberal onde impera a
competição de todos contra todos.
Também existem médicos que matam os doentes por insistirem em
terapêuticas erradas e inventam palavras complicadas em inglês, mas felizmente
são poucos e por isso podem e devem ser responsabilizados. E estes senhores será
que nunca são responsabilizados pelos seus erros, será que são irresponsáveis
ou como dizíamos em jovens são mais da bagaceira que da financeira.
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