Acabo de retirar da prateleira da estante, este livro velhinho de 1933, um requisitório sobre os acontecimentos na Alemanha no período da ascensão de Hitler ao poder.
Fiquei impressionado com a semelhança da situação económica na Alemanha com a que se passa actualmente na Europa e no nosso país.
A Alemanha foi o primeiro país europeu a sofrer a grande crise económica que começou nos Estados Unidos da América nos anos 20.
O "Diktat" de Versailles e a derrota da guerra teve, sobre ela, efeitos esmagadores.A perda de regiões importantes do ponto de vista económico fez retrair o mercado alemão. As despesas da desmobilização e a transformação da industria de guerra pesaram muito no bolso do trabalhador contribuinte. Os círculos do capital monopolista alemão esforçaram-se constantemente de fazer cair sobre os ombros dos operários e da classe média o peso dos milhões exigidos pelas reparações e as grandes perdas.
Este agravamento que começou em 1917, mas que só se fez sentir em 1921/22. A inflação conduziu à catástrofe do outono de 1923, provocando uma miséria ainda maior dos operários e uma proletarização da classe média. A inflação depenou literalmente até ao ultimo centavo milhões de pessoas. Mas os banqueiros e os grandes industriais encaixaram benefícios descomunais. O Estado pagou-lhes 600 milhões de marcos ouro como indemnização pela ocupação do Ruhr, ao mesmo tempo que a população não recebeu nem um centavo.
Mais tarde ( 1924 e 1927) houve, na Alemanha, uma certa retoma da economia que trouxe algum bem estar à pequena burguesia e a certas categorias do operariado.
Porém, a crise instala-se logo em 1930. A produção diminui e o numero de desempregados aumenta, no inverno deste ano o numero atinge os 3.000.000. Os patrões começam a sua grande ofensiva para a baixa constante dos salários. Em comparação com o período de 1928/29 o salário médio tinha caído mais de metade. Segundo os jornais especializados da época, a soma total retirada aos salários e benefícios dos operários e empregados alemães, de Julho de 1929 a Julho de 1932, foi de 38 milhões de marcos.
Os salários baixam e o desemprego aumenta calcula-se a cerca de 9 milhões em fins de 1932.
A situação na classe média agrava-se cada vez mais, com a proletarização de grandes camadas.O numero de falências aumenta. A pequena burguesia das cidades e os pequenos camponeses são duramente atingidos. Mas a crise atinge também os trabalhadores intelectuais. O nível de vida dos professores, engenheiros, médicos,advogados, escritores, artistas baixa todos os dias. Um quarto dos universitários não tem emprego. Dos 8.000 formados nas escolas técnicas superiores e médias ( 1931/32) só mil conseguiram emprego nas suas profissões; 1 500 continuam os estudos graças a bolsas; outros 1 500 tentam sobreviver tornando-se vendedores ambulantes, empregados de café, etc..Os 4 000 que sobram ficam sem trabalho, vivendo na rua. Em muitas empresas só se trabalhava 3 a 5 dias por semana. E ISTO SEM A AJUDA DA CATASTROIKA.
As massas operárias começam a engrossar o Partido Comunista. As manifestações aumentam e os encontros com a policia tornam-se violentos. A luta por melhores condições de vida radicaliza-se.Na província de Sleswig-Holstein tenta-se destruir as prefeituras e outros edifícios.
Os nazis fazem o seu caminho, Hitler entra no Partido Operário Alemão em 1919, este é o primeiro nome do Partido Nacional-Socialista, o seu programa chega a ser moderado, usando velhas formulas dos partidos burgueses liberais e da constituição de Weimar. Estas promessas nunca foram realizadas, como desenvolvimento da assistência aos idosos, via aberta aos homens de valor, protecção da mãe e da criança, o interesse publico antes do interesse privado.
O apoio aos nazis pelos capitalistas, sobretudo da Alemanha do Sul e a condescendência do Partido Social Democrata, sempre maioritário e o medo da revolução comunista levou o cérebro doente de Goebbels de engendrar a provocação do incêndio do Reichstag que conduziu ao terror hitleriano.
Já com Hitler Chanceler do Reich, nomeado por Hindenburg, social democrata, o Partido Comunista propõe oficialmente à direcção do Partido Social Democrata, ao bureau dos sindicatos sociais democratas e cristãos, de organizar em comum uma greve geral para levar à queda do governo de Hitler. Os sociais democratas e os sindicatos responderam: " Hitler tomou o poder legalmente devemos esperar que seja ele a quebrar a legalidade." Quando quebrou já era tarde...E o incêndio do Reichstag acelerou o processo.
terça-feira, 21 de maio de 2013
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