O artigo, da jornalista Marta Reis, publicado no
jornal “i”, de 23 de Julho de 2013, sobre as hortas urbanas, fez-me recordar o
meu pai.
Quando começaram os louvores às hortas urbanas
pela voz, do arquitecto paisagista, Gonçalo Ribeiro Teles logo a seguir ao 25
de Abril - que mereceu os aplausos de vários políticos e que ainda hoje o glorificam -, o meu
pai com a sua longa experiência de médico e já tendo assistido a muitas
epidemias de diarreias (lembram-se da cólera em Portugal?) que à época levaram
à morte de muitas crianças, disse:
“Isto é um
retrocesso e um grande disparate” e, no seu papel de pediatra e educador,
alertou os pais dos seus pequenos clientes para os perigos da ingestão dos
produtos vindos das hortas urbanas.
Penso que os médicos de Saúde Pública nunca foram
tidos ou achados para a propagação destas hortas urbanas. Deu-se mais importância
ao arquitecto e ao bucólico da cidade.
O artigo do “i” inicia-se com a seguinte frase: “
As hortas urbanas são cada vez mais populares (pudera a fome é negra),
mas estiveram agora pela primeira vez debaixo da lupa de investigadores do
departamento de Química da Universidade de Aveiro” (o itálico é meu).
No Porto, a análise dos solos revelou níveis
perigosos de alguns metais, como cádmio, cobre, chumbo e zinco que ultrapassam
os valores permitidos pela União Europeia.
Outra conclusão do estudo realizado pela equipa da
Universidade de Aveiro baseou-se nas amostras de azevém que servem de pastagem
para os animais, mostrando o perigo acrescentado destes metais entrarem dentro
da cadeia alimentar, com riscos para a saúde humana.
O alerta foi dado no estudo publicado este mês
pela equipa da Doutora Sónia Rodrigues, do Departamento Ciências Aplicadas ao
Ambiente da Universidade de Aveiro na revista “ Applied Geochemistry” e em 2012
na “Environment International”, que refere o facto de não haver critérios de
qualidade definidos para os solos portugueses.
“ A definição de limites é urgente e crucial para
áreas urbanas e não só. Também é necessário em áreas industriais e de
exploração mineira onde estejam implementadas práticas agrícolas”, diz mais
adiante o citado estudo.
E isto, é apenas um estudo químico dos solos, e o estudo
bacteriológico dos produtos?
O aviso, aos consumidores, fica:- cuidado com a
ingestão dos produtos vindos das hortinhas das cidades, tão ao gosto de Ribeiro
Teles.
Estamos perante um problema de Saúde Pública a que
a Direcção-geral de saúde não deve ficar alheia.
Eu que vivo no campo, nunca se pôs em causa a qualidade do solo por aqui. E penso que não terá as tais substâncias nocivas e prejudiciais à saúde humana, mas nos tempos que correm...nunca fiando! Talvez por isto, também eu estava longe de imaginar que as tais hortas urbanas fossem, em vez da solução para um problema, elas próprias a fonte de muitos problemas.
ResponderEliminarO campo não tem a poluição da cidade.
EliminarNa cidade até as construções para habitação deviam ser proibidas em terrenos contaminados por antigas fábricas.
Metais pesados em hortas urbanas e pastagens do Grande Porto
ResponderEliminarhttp://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=4038470&page=-1