quarta-feira, 24 de julho de 2013

Hortas Urbanas





O artigo, da jornalista Marta Reis, publicado no jornal “i”, de 23 de Julho de 2013, sobre as hortas urbanas, fez-me recordar o meu pai.

Quando começaram os louvores às hortas urbanas pela voz, do arquitecto paisagista, Gonçalo Ribeiro Teles logo a seguir ao 25 de Abril - que mereceu os aplausos de vários políticos e que ainda hoje o glorificam -, o meu pai com a sua longa experiência de médico e já tendo assistido a muitas epidemias de diarreias (lembram-se da cólera em Portugal?) que à época levaram à morte de muitas crianças, disse:
 “Isto é um retrocesso e um grande disparate” e, no seu papel de pediatra e educador, alertou os pais dos seus pequenos clientes para os perigos da ingestão dos produtos vindos das hortas urbanas.

Penso que os médicos de Saúde Pública nunca foram tidos ou achados para a propagação destas hortas urbanas. Deu-se mais importância ao arquitecto e ao bucólico da cidade.

O artigo do “i” inicia-se com a seguinte frase: “ As hortas urbanas são cada vez mais populares (pudera a fome é negra), mas estiveram agora pela primeira vez debaixo da lupa de investigadores do departamento de Química da Universidade de Aveiro” (o itálico é meu).
No Porto, a análise dos solos revelou níveis perigosos de alguns metais, como cádmio, cobre, chumbo e zinco que ultrapassam os valores permitidos pela União Europeia.
Outra conclusão do estudo realizado pela equipa da Universidade de Aveiro baseou-se nas amostras de azevém que servem de pastagem para os animais, mostrando o perigo acrescentado destes metais entrarem dentro da cadeia alimentar, com riscos para a saúde humana.

O alerta foi dado no estudo publicado este mês pela equipa da Doutora Sónia Rodrigues, do Departamento Ciências Aplicadas ao Ambiente da Universidade de Aveiro na revista “ Applied Geochemistry” e em 2012 na “Environment International”, que refere o facto de não haver critérios de qualidade definidos para os solos portugueses.

“ A definição de limites é urgente e crucial para áreas urbanas e não só. Também é necessário em áreas industriais e de exploração mineira onde estejam implementadas práticas agrícolas”, diz mais adiante o citado estudo.

E isto, é apenas um estudo químico dos solos, e o estudo bacteriológico dos produtos?
O aviso, aos consumidores, fica:- cuidado com a ingestão dos produtos vindos das hortinhas das cidades, tão ao gosto de Ribeiro Teles.

Estamos perante um problema de Saúde Pública a que a Direcção-geral de saúde não deve ficar alheia.

3 comentários:

  1. Eu que vivo no campo, nunca se pôs em causa a qualidade do solo por aqui. E penso que não terá as tais substâncias nocivas e prejudiciais à saúde humana, mas nos tempos que correm...nunca fiando! Talvez por isto, também eu estava longe de imaginar que as tais hortas urbanas fossem, em vez da solução para um problema, elas próprias a fonte de muitos problemas.

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    1. O campo não tem a poluição da cidade.
      Na cidade até as construções para habitação deviam ser proibidas em terrenos contaminados por antigas fábricas.

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  2. Metais pesados em hortas urbanas e pastagens do Grande Porto

    http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=4038470&page=-1

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