Geolocalização Móvel Medos
e Perigos
O medo atávico do contágio tentou
desde tempos imemoriais identificar os doentes sobretudo nos tempos de
epidemias. Assim foi na Idade Média, com a peste, em que os doentes eram
obrigados a movimentarem-se com um sino amarrado ao tornozelo para avisar as outras
pessoas. Hoje, em pleno século XXI, com
os meios de comunicação que chegam a milhares de pessoas, com imagens
televisivas assustadoras de enterros em massa e de hospitais cheios de doentes
em corredores e hospitais de campanha, como se de uma guerra mundial se
tratasse e a agravar esta situação o desconhecimento científico do novo vírus e
das suas formas de contágio leva a um pânico generalizado e compreensível.
Esta pandemia pôs na ordem do dia
a questão ética se se deve denunciar as pessoas infectadas pelo COVID. Autarcas
querem possuir esses dados referentes aos seus munícipes, chegando a dizer:
"andam umas bombas relógio
à solta que deviam estar em casa (…) portanto o estado de emergência devia
ampliar as condições – só que as entidades são obtusas para entregar os dados
individuais dos positivos (…) eu entrego os dados em envelope fechado à Polícia
Municipal (…)”.
(Antena 1, 11.04.20).
(Antena 1, 11.04.20).
Na Idade Média colocava-se um
sino, hoje com a tecnologia avançada made
in China coloca-se um chip.
A aplicação no telemóvel para
identificar os infetados com o novo coronavirus começou na China e foi seguida
pela Coreia do Sul e Singapura. Há anos que os informáticos chineses tinham à
sua disposição centenas de milhões de
caras para treinar os seus computadores no reconhecimento facial, o que se
tornou muito útil para resolver problemas diários como compras no supermercado,
transportes, entrar nos prédios, pagar as contas nos restaurantes ou ainda
retirar dinheiro do banco. Basta fazer um scanner no código de barras e mostrar a sua cara na caixa. Aí, uma câmara
inteligente reconhece-a e valida as suas compras. Daí a usar uma aplicação no
telemóvel para identificar e seguir os COVID positivos é uma brincadeira de crianças.
O medo está a levar países europeus
(Itália e Espanha) a fazer contratos com start-ups
chinesas e coreanas para identificarem e seguirem os seus concidadãos
portadores do novo coronavírus, o que permite a qualquer um identificar se está
próximo de um infetado, se existe alguém na sua rua ou no seu prédio com o vírus.
O reverso da medalha consiste no saber se esta aplicação irá servir para vigiar
os cidadãos a fim de criar uma sociedade de controle, verdadeiro Big Brother, que ultrapassa toda a
imaginação de Aldous Huxley ou de George Orwell.
A memória é curta, mas todos este
países assinaram em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos que diz no
seu artigo 12, cito: "Ninguém
sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu
domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra
tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da
lei".
Este conceito abre as portas a
outros direitos online e offline, como o direito
à não discriminação
A Liberdade é o bem mais precioso que os povos conquistaram e o nossa
foi alcançada há 46 anos.
A História ensinou-nos que nada
justifica a interrupção da Liberdade, seja para satisfazer a fome, combater a
desigualdade ou, como agora, ter mais segurança
.
Lisboa,17 de Abril de 2020
Jaime Teixeira Mendes
Cirurgião Pediatra
Pois eu cá, acho que muitas coisas justificam a interrupção da liberdade. Por exemplo, sempre que a liberdade de cada um prejudique a liberdade do seu semelhante.
ResponderEliminarDe resto a nossa sociedade está cheia de privações da liberdade e ninguém se queixa.
Usar cinto de segurança no automóvel, usar capacete na mota, não estacionar encima do passeio, respeitar a sinalização para peões, etc., etc.
Também é proibido abandonar os dejetos do meu cão no passeio...
Estou de acordo com a limitação quando prejudica a liberdade do outro. Não concordo é com a forma de denúncia pública de um doente ou neste caso infectado
ResponderEliminarOs ex que deu de limitação à liberdade são aceites pelos cidadãos educados.
As actuais proibições, obrigações e coimas que pululam por esse mundo fora são de facto preocupantes. A pandemia do medo está a sobrepor-se à do vírus ...
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