quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A saúde e o mercado


A saúde e o mercado

Nunca houve tanta preocupação, nem tanta informação, com os alimentos que ingerimos como neste século, mas espantosamente a epidemia da obesidade aumenta em todo o mundo dito desenvolvido.
Claro que as grandes empresas capitalistas aproveitam-se desta justa preocupação para vender os seus produtos, denegrir outros numa concorrência desleal.
Multiplicam-se as dietas "saudáveis " : Sem sal, sem gordura, sem açúcar, sem leite, sem alcool, sem chocolate".
 Vegetarianas com peixe ou sem peixe, com ovos ou sem ovos.
Pululam artigos científicos e pseudo-cientificos, a maioria das vezes a negar aquilo que julgávamos certo. "O chocolate faz bem se for negro, o café combate o Alzheimer, a gordura é necessária, um copo de bom vinho aquece o coração, a água deve ser alcalina, etc..etc..
 Publicitam-se na TV remédios milagrosos para emagrecer e os pobres dos obesos continuam cada vez mais obesos.
Isto vem a propósito de um possível incidente diplomático entre a Itália e a Inglaterra a propósito do prosecco.
Passo a publicidade, mas até há um mês não sabia o que era esta bebida italiana produzida em Veneza. Foi na festa do primeiro aniversário do Matteo que o seu pai ofereceu gentilmente a todos os convidados, adultos bem entendido, uma pequena garrafa de prosecco.
Se na pátria lusa esta bebida não é conhecida já não se passa o mesmo do outro lado do canal da mancha. Parece que um terço da produção de tal néctar é consumido por este povo. Um aviso foi dado pelos responsáveis britânicos pela saúde dentária dos seus compatriotas.
Médicos dentistas socorreram-se da imprensa generalista para alertar que esta bebida tão apreciada pelos súbditos de sua majestade  tinha o risco sério devido à sua acidez, gaseificação  e o seu teor elevado em açúcar na presença do álcool formarem um cocktail nocivo para os dentes. Claro que os jornais apelidaram os consumidores da bebida de um "prosecco smile" pouco sedutor.
A Itália não gostou que lhe estragassem o negócio do espumante veneziano. Responsáveis políticos convidaram a imprensa inglesa a abster-se de tais comentários. Luca Zaia, presidente da região de Veneza, troçou : " A ideia segundo a qual o prosecco tira o sorriso faz me rir"
Os dentistas britânicos ficaram em maus lençóis pois ignoraram a preocupação manifestada há um ano por Boris Johnson antes da votação do Brexit que a Itália não poderia recusar abrir o mercado à Inglaterra com medo de não poder vender o seu prosecco.
Os dentistas sem arrepiarem caminho vieram dizer que era apenas um aviso para o perigo do excesso dessa bebida assim como a soda e outras bebidas gasosas.   


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