A saúde e o mercado
Nunca houve
tanta preocupação, nem tanta informação, com os alimentos que ingerimos como
neste século, mas espantosamente a epidemia da obesidade aumenta em todo o
mundo dito desenvolvido.
Claro que as
grandes empresas capitalistas aproveitam-se desta justa preocupação para vender
os seus produtos, denegrir outros numa concorrência desleal.
Multiplicam-se
as dietas "saudáveis " : Sem sal, sem gordura, sem açúcar, sem leite,
sem alcool, sem chocolate".
Vegetarianas com peixe ou sem peixe, com ovos
ou sem ovos.
Pululam
artigos científicos e pseudo-cientificos, a maioria das vezes a negar aquilo
que julgávamos certo. "O chocolate faz bem se for negro, o café combate o
Alzheimer, a gordura é necessária, um copo de bom vinho aquece o coração, a
água deve ser alcalina, etc..etc..
Publicitam-se na TV remédios milagrosos para
emagrecer e os pobres dos obesos continuam cada vez mais obesos.
Isto vem a
propósito de um possível incidente diplomático entre a Itália e a Inglaterra a
propósito do prosecco.
Passo a
publicidade, mas até há um mês não sabia o que era esta bebida italiana
produzida em Veneza. Foi na festa do primeiro aniversário do Matteo que o seu
pai ofereceu gentilmente a todos os convidados, adultos bem entendido, uma
pequena garrafa de prosecco.
Se na pátria
lusa esta bebida não é conhecida já não se passa o mesmo do outro lado do canal
da mancha. Parece que um terço da produção de tal néctar é consumido por este
povo. Um aviso foi dado pelos responsáveis britânicos pela saúde dentária dos
seus compatriotas.
Médicos
dentistas socorreram-se da imprensa generalista para alertar que esta bebida
tão apreciada pelos súbditos de sua majestade
tinha o risco sério devido à sua acidez, gaseificação e o seu teor elevado em açúcar na presença do
álcool formarem um cocktail nocivo para os dentes. Claro que os jornais
apelidaram os consumidores da bebida de um "prosecco smile" pouco sedutor.
A Itália não
gostou que lhe estragassem o negócio do espumante veneziano. Responsáveis
políticos convidaram a imprensa inglesa a abster-se de tais comentários. Luca
Zaia, presidente da região de Veneza, troçou : " A ideia segundo a qual o
prosecco tira o sorriso faz me rir"
Os dentistas
britânicos ficaram em maus lençóis pois ignoraram a preocupação manifestada há
um ano por Boris Johnson antes da votação do Brexit que a Itália não poderia
recusar abrir o mercado à Inglaterra com medo de não poder vender o seu prosecco.
Os dentistas
sem arrepiarem caminho vieram dizer que era apenas um aviso para o perigo do
excesso dessa bebida assim como a soda e outras bebidas gasosas.
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