AS WE
CONTINUE TO DRIFT INTO A TOTALITARIAN MEDICAL SYSTEM: A VIEW OF A COUNTRY BOY
É o titulo de um editorial da revista “Scandinavian
Journal Surgery”, escrito por um cirurgião norte americano que não assina
porque, segundo diz, "I am not going
to sign this document. I still need my job for a few years …"
Apesar dos Estados Unidos praticarem um sistema de saúde
muito diferente do nosso e de outros países europeus, encontramos neste
editorial muitos pontos em comum. O que nos leva a crer que existe uma globalização
da gestão dos serviços de saúde que conduz inevitavelmente a um Sistema Médico
Totalitário. Este texto é um abrir de olhos para vermos o que está a acontecer,
com os novos métodos de gestão dos serviços de saúde, nos países desenvolvidos.
O nosso "country boy" começa por definir o
sistema médico que sempre tivemos acesso, com cariz capitalista. Define-o há
alguns anos como uma forma benigna de capitalismo conservador, contrapondo ao
sistema vigente que representa outra forma de capitalismo: duro, rígido,
disciplinado, controlado e cruel, conduzido ao longo de um padrão clássico
totalitário-ditatorial.
Os médicos, motores da máquina
clínica, não têm voz. São meros peões. Naturalmente, os pacientes, aqueles para
quem a máquina existe, foram sempre peões.
They were
always led as herds to the water; the ignorant greedily buying the prevailing
propaganda that “this is the best
medical system in the world”. Onde é que eu já ouvi isto!
Mais adiante, avisa que a tendência para uma medicina
totalitária tem sido lenta e gradual, por isso difícil de nos apercebermos.
Caracteriza os hospitais como industrias monstruosas,
crescendo cada vez mais e ganhando poder de fusão para fusão. Onde " Profit is the key word "
E continua: Geridos por um sem número de administradores,
gerentes e parasitas não médicos, com uma miríade de títulos ridículos
impressos nos seus crachás, funcionam como fábricas gigantes na China - embora
menos eficientes.
A pirâmide nos hospitais encontra-se totalmente
invertida. Em hospitais de pequena dimensão, qualquer dia existem mais
administradores do que doentes.
Somos os melhores, o centro de excelência, melhores
médicos, melhor tecnologia é a mensagem de propaganda otimista destes
hospitais.
O editor chama aos médicos "providers" . Eles são empregados contratados e demitidos. A
enfase está no recrutamento: um processo no qual inúmeras agências de
recrutamento se beneficiam. Uma vez contratados, se não produzirem e se não
alinharem com a propaganda serão descartáveis.
Se você pretende discutir e alertar para os problemas que
o preocupam é apelidado de "criador de problemas", de inimigo do
sistema. O seu destino é decidido nos bastidores, com as portas fechadas. E uma
vez decidido livrar-se de si, não haverá muito a fazer. Demitir-se ou ser
despedido! Isto faz-me pensar que em Portugal deve haver muitos gestores com
estágios nos States.
Senão vejamos. Caso se demita, terá de assinar um termo
de confidencialidade que o impossibilita de revelar a razão da sua demissão. A chamada lei da Rolha.
O sigilo sempre foi uma arma crucial dos sistemas
totalitários, diz o nosso colega.
Depois de analisar o comportamento das companhias de
seguros e da facturação hospitalar com exemplos: um hospital num Estado pode
facturar 50.000 dólares por uma operação, quando outro, dentro do mesmo país,
pelo mesmo procedimento, pode cobrar 15.000 dólares.
Acrescenta que muitos dos nossos serviços e cargos são
duplicados por enfermeiros e empresas prestadoras de serviços médicos. Mais
baratas(?), menos reivindicativas e mais fáceis de dominar.
O artigo continua com a caracterização da nova geração de
médicos, mais focados na qualidade de vida: dinheiro e dispensa de tempo.
Mudam-se para onde lhes oferecem mais dinheiro.
A geração mais velha que é a do articulista, sente-se tão
desanimada com o Sistema que já equaciona pedir a aposentação. Mas também há outros
que se adaptam. Para estes, é melhor ser alimentado pela mão dos oligarcas do
que sofrer com a plebe.
No subtítulo ACADEMIA, refere que a era dos
grandes líderes académicos chegou ao fim e foram gradualmente substituídos por
doutores - gerentes, contratados com base nas suas habilidades para a gestão de
departamentos lucrativos.
Critica também as revistas académicas (a maioria sem
qualquer revisão científica) e acrescenta: muito do que está a ser publicado na
medicina pode ser falso ou tendencioso.
Os PARASITAS, outro subtítulo, cita gestores que viajam para conselhos
de administração com a missão de ser mais eficiente (ou seja mais
impiedosamente totalitário). Exemplifica com o recurso a fornecedores e
agências de recrutamento que controlam o movimento e a contratação de qualquer
pessoa. Quer um cirurgião para o fim de semana, paga 1500 dólares/ dia e 500
dólares vão para a agência. "And so, the TMS (sistema de saúde) has
become the most wasteful medical system in the world, more and more so each year.
I mean wasteful to society and the plebs. Not to the dictators/oligarchs who
lead it."
Em conclusão, podemos garantir que tudo isto se vai
reflectir na qualidade dos cuidados de saúde. Os doentes são tratados
por uma equipa sempre em mudança de "hospitalists" trabalhando por
turnos.
Para
ler o artigo completo
SCANDINAVIAN
JOURNAL OF SURGERY
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