BONS DIAS
Esta saudação era muito habitual em Portugal, dávamos
os bons dias para mostrar àqueles com quem nos cruzávamos que vínhamos em Paz.
O erguer das grandes cidades com os seus dormitórios e
os arranha-céus, fez com que se perdesse este hábito salutar.
Os citadinos, muitas vezes, gabam-se de não conhecer
os seus vizinhos e de não lhes “darem confiança”, por isso não cumprimentam nem
respondem à saudação.
Assim, este hábito ficou limitado às aldeias e às
pequenas vilas do país. Aqui a saudação dá-se aos vizinhos e também aos
caminhantes, como antigamente.
Quando passava as férias na Maia, terra natal do meu
pai, era hábito dar-se os bons dias, passávamos na estrada e as pessoas diziam:
- “ Bons dias Senhor Doutor e companhia”. A primeira saudação era dirigida ao
meu pai, a que os mais velhos chamavam “ o menino doutor”, e a companhia era a
minha mãe, os meus irmãos e eu.
Hoje, quando vou à Maia que se tornou uma cidade,
ninguém dá os bons dias, perdeu-se esse hábito.
Em Lausanne, na Suíça, onde estive exilado, também era
hábito dar bonjour, quando entrávamos
numa sala ou chegávamos ao local de trabalho, mas não tão frequentemente como
nas nossas aldeias.
Em 1972, passei as férias de Verão, a acampar no
camping do Catapum, El Rompido, Cartaya, na província de Andaluzia. O campismo
é uma maneira de gozar férias que proporciona esta saudação e arranjar
amizades.
Os nossos vizinhos de tenda eram dois casais que
viviam em Sevilha e todos andaluzes. Aproximámo-nos e o convívio
estabeleceu-se, pescávamos juntos, trocávamos receitas culinárias, etc…. Foi
nestas férias que a Teresa aprendeu a fazer o celebre gaspacho andaluz.
Isto tudo para dizer que na Andaluzia, quando uma
pessoa saúda com muita frequência, costumavam dizer: “ Es más cumplimentador
que un português”.
Comentando com o meu filho esta situação, que
infelizmente acontece com muita frequência, ele lembrou o quanto fica revoltado
quando entra numa sala ou num elevador e dá os bons dias e o silêncio completo
se instala...
O meu pai, já no avançado da idade em que se vai
perdendo a paciência, costumava retorquir:- “eu dei-lhe os bons dias e isto é
de graça”. Mas a maioria não respondia porque não atingia a mensagem.
No Hospital de Santa Maria, onde trabalhei cerca de
trinta anos, esta situação também era muito frequente, mesmo entre médicos.
Lembro-me que o Dr. Pita Gróz costumava dizer: “ Bons dias gente honesta, os
outros podem ficar calados”. Mesmo assim havia muitos que ficavam calados. Vá
se lá saber porquê?
Aqueles que usam chapéu ao fazer a saudação, levantam
também levemente este da cabeça acompanhado de um movimento da mão.
Li, outro dia, que este hábito vem dos tempos da Idade
Média. Assim, os cavaleiros quando se aproximavam de alguém ou de um povoado,
retiravam o elmo da cabeça como sinal de que vinham por bem.
Portanto, quando te saudarem com os bons dias, ou o
gesto de tirar o chapéu é um sinal de paz e por isso deves responder se também
vens em Paz.
Tenho esta mesma experiência da aldeia, da vila e da cidade. Confirmo. Gostei. Ah desculpa o engano , esta do gostei, julguei que estava no Facebook :)
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