sábado, 30 de junho de 2012

O MEU TIO


O MEU TIO


Hoje, 29 de Junho, faria anos o meu tio Lino Teixeira.
Engenheiro silvicultor, esteve muitos anos como diretor dos serviços florestais de Arganil. A sua passagem por lá e por esta vida deixou marca nem sempre relembrada. Assim, aconteceu a tantos homens que tornaram este país melhor, mas que a sua isenção, liberdade de espirito e simplicidade não obtiveram grandes honras e regalias.
Uma pesquisa no google (engº silvicultor Lino Teixeira) resultou:
1.               Um largo em Arganil com o seu nome.
2.               Uma referência nos egrégios sobralgordenses :- “Engenheiro Lino Teixeira, Director Geral dos Serviços Florestais. Homem determinado, dinâmico. A sua ação é vital no alargamento e correção e melhoria do caminho vicinal que unia Sobral Gordo e Pomares, na projeção e execução da Estrada Florestal. A sua determinação, as dificuldades que enfrenta, os altos serviços que presta a Sobral Gordo, são laureados em Assembleia Geral Extraordinária, a 3 de Julho de 1960. É justa a sua eleição como sócio honorário. Como é, o entusiasmo, o calor, a estrondosa salva de palmas que, na ocasião, a Assembleia lhe tributa. De pé. Por mérito próprio.”
3.               Uma referência a um artigo na Seara Nova, da autoria do engenheiro silvicultor Victor Louro, numa crítica ao livro de António Bica, “Baldios, quadro histórico e legal”. A páginas tantas diz:- «...”entrada dos Serviços Florestais nos baldios “criou “ o oásis no deserto”, só mais tarde se dando conta “das violências e injustiças praticadas”, que veio a denunciar em “ Quando os lobos uivam”. Não deixa o Autor de referir a existência de casos de bom relacionamento, como o personificado pelo saudoso engº silvicultor Lino Teixeira na serra de Arganil...”

Deve existir muito mais, o engº Lino Teixeira depois do 25 de Abril administrou os serviços de Sintra e Mafra, escreveu vários artigos em jornais e teve uma ação politica sempre nos movimentos de esquerda. Nos últimos anos, antes de se aposentar, esteve na direção dos serviços florestais em Coimbra. Cidade onde veio a falecer.
Mas para mim o tio Lininho, como o chamávamos, era muito mais. Eram tardes e noites a ouvir histórias da serra e outras que nos faziam rir até às lagrimas, quando passávamos férias em Arganil ou ele vinha a Lisboa. As estórias do meu tio, muitas talvez efabuladas, onde nunca sabíamos onde acabava a realidade e começava a fantasia, ainda são contadas às novas gerações.
As suas aventuras eram sempre narradas com muito humor e acabavam sempre numa grande gargalhada. Uma das suas histórias era exatamente, sobre a data do seu nascimento. Tinha nascido no Porto, na noite de S Pedro, mas só o registaram no dia seguinte ou seja no dia 29 de Junho por isso dizia sempre que desconhecia a data do seu aniversário. A sua mãe, a avó JúJú, ao ouvir isto, fazia um esgar, virava a cara e ficava calada. Nunca soubemos se era verdade.
Ele amava a serra e a floresta que ajudou a preservar, combatendo todos os anos os incêndios que todos os verões teimam em destruí-la. Conseguia dominar o fogo com o auxílio dos guardas florestais, como tantas vezes o vi fazer, antes que lóbis instalados entregassem desgraçadamente esta função às corporações de bombeiros.
Tinha o dom da palavra e da escrita, ainda hoje deve estar num parque de Arganil um poema que escreveu à Floresta.
Fica aqui a promessa de publicar alguns dos seus pequenos contos que a Anita, sua filha, colocou no facebook.




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