O MEU TIO
Engenheiro silvicultor, esteve muitos anos como diretor dos
serviços florestais de Arganil. A sua passagem por lá e por esta vida deixou
marca nem sempre relembrada. Assim, aconteceu a tantos homens que tornaram este
país melhor, mas que a sua isenção, liberdade de espirito e simplicidade não obtiveram
grandes honras e regalias.
Uma pesquisa no google (engº silvicultor Lino
Teixeira) resultou:
1.
Um largo em Arganil com o seu nome.
2.
Uma referência nos egrégios sobralgordenses :-
“Engenheiro Lino Teixeira, Director Geral dos Serviços Florestais. Homem
determinado, dinâmico. A sua ação é vital no alargamento e correção e melhoria
do caminho vicinal que unia Sobral Gordo e Pomares, na projeção e execução da
Estrada Florestal. A sua determinação, as dificuldades que enfrenta, os altos
serviços que presta a Sobral Gordo, são laureados em Assembleia Geral
Extraordinária, a 3 de Julho de 1960. É justa a sua eleição como sócio
honorário. Como é, o entusiasmo, o calor, a estrondosa salva de palmas que, na
ocasião, a Assembleia lhe tributa. De pé. Por mérito próprio.”
3.
Uma referência a um artigo na Seara Nova, da
autoria do engenheiro silvicultor Victor Louro, numa crítica ao livro de
António Bica, “Baldios, quadro histórico e legal”. A páginas tantas diz:-
«...”entrada dos Serviços Florestais nos baldios “criou “ o oásis no deserto”,
só mais tarde se dando conta “das violências e injustiças praticadas”, que veio
a denunciar em “ Quando os lobos uivam”. Não deixa o Autor de referir a
existência de casos de bom relacionamento, como o personificado pelo saudoso engº
silvicultor Lino Teixeira na serra de Arganil...”
Deve existir muito mais, o engº Lino Teixeira depois do 25 de
Abril administrou os serviços de Sintra e Mafra, escreveu vários artigos em
jornais e teve uma ação politica sempre nos movimentos de esquerda. Nos últimos
anos, antes de se aposentar, esteve na direção dos serviços florestais em
Coimbra. Cidade onde veio a falecer.
Mas para mim o tio Lininho, como o chamávamos, era muito
mais. Eram tardes e noites a ouvir histórias da serra e outras que nos faziam
rir até às lagrimas, quando passávamos férias em Arganil ou ele vinha a Lisboa.
As estórias do meu tio, muitas talvez efabuladas, onde nunca sabíamos onde
acabava a realidade e começava a fantasia, ainda são contadas às novas
gerações.
As suas aventuras eram sempre narradas com muito humor e
acabavam sempre numa grande gargalhada. Uma das suas histórias era exatamente, sobre
a data do seu nascimento. Tinha nascido no Porto, na noite de S Pedro, mas só o
registaram no dia seguinte ou seja no dia 29 de Junho por isso dizia sempre que
desconhecia a data do seu aniversário. A sua mãe, a avó JúJú, ao ouvir isto, fazia
um esgar, virava a cara e ficava calada. Nunca soubemos se era verdade.
Ele amava a serra e a floresta que ajudou a preservar,
combatendo todos os anos os incêndios que todos os verões teimam em destruí-la.
Conseguia dominar o fogo com o auxílio dos guardas florestais, como tantas
vezes o vi fazer, antes que lóbis instalados entregassem desgraçadamente esta
função às corporações de bombeiros.
Tinha o dom da palavra e da escrita, ainda hoje deve estar
num parque de Arganil um poema que escreveu à Floresta.
Fica aqui a promessa de publicar alguns dos seus pequenos
contos que a Anita, sua filha, colocou no facebook.
Sem comentários:
Enviar um comentário