A REVOLTA DAS BATAS BRANCAS
Os profissionais da saúde têm uma especial sensibilidade para
as dificuldades económicas dos mais carenciados, com algumas exceções. claro. Estes ultimos como dizia Abel Salazar, estão entre “ aqueles que só sabem medicina nem
medicina sabem”, ou seja não observam de uma forma holística.
A teimosa politica, neoliberal, de mais e mais austeridade
proposta pela troika e executada pelo governo PSD/CDS, ao empobrecer as classes
mais fracas e desfavorecidas, demonstra uma insensibilidade atemorizadora,
conduzindo a situações angustiantes na circunstância de maior debilidade do
homem, a doença.
Os médicos e os outros profissionais da saúde presenciam no
seu dia-a-dia a miséria humana que regressou aos nossos hospitais e centros de
saúde. Foi assim que a greve dos médicos em Portugal atingiu uma adesão nunca
vista e pela primeira vez na história recente teve o apoio dos movimentos
representativos dos utentes.
Nós sabemos que quando uma terapêutica não está a resultar
na cura do doente temos obrigação de a mudar. O mau clinico, assim como o mau
dirigente, é aquele que não houve as queixas do doente, ou do povo, e do alto
do seu pedestal insiste na mesma terapêutica e afirma de maneira soberba:- “a
culpa é do doente”, leia-se do povo!
As greves das batas brancas não ocorreram só em Portugal.
Anteriormente tinha havido no Reino Unido, em defesa do NHS e, neste verão,
surgiram em todos os países duramente tocados pela crise e pelas medidas
prescritas pelos diversos governos europeus.
Nas ruas de Madrid, os médicos espanhóis desfilaram recusando
obedecer às novas medidas do governo Rajoy que, entre outras, pôs fim aos
cuidados gratuitos aos estrangeiros sem papéis, provocando assim um crime de
saúde pública.
Na Grécia, os protestos não são apenas pela defesa dos
emigrantes, mas da sua população (como em Portugal). Este país enfrenta uma
verdadeira crise humanitária e viu cortes de 25% no orçamento da saúde e a
assistência gratuita e universal completamente suprimida
Com as medidas recentes de poupança suplementar de 1,4
milhões de euros nos hospitais e nos centros de saúde, os medicamentos faltam
cada vez mais, devido ao aumento das faturas por pagar aos laboratórios.
Em Roma, outra cidade berço da nossa civilização, as batas
brancas estão na rua (médicos, enfermeiros e farmacêuticos) recusando uma
grande parte das medidas adotadas esta semana pelo governo Monti.
Finalmente, também na Alemanha muitos médicos contestam as
privatizações forçadas da oferta dos cuidados hospitalares, desencadeados há
alguns anos, que põem em causa, segundo estes, a qualidade dos cuidados
prestados aos utentes. A queda do Império Romano começou em Roma.
O alerta deve ser lançado aos governantes europeus, numa
democracia nenhum cidadão pode ser privado ao acesso aos cuidados de saúde por
razões económicas.
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