quinta-feira, 26 de julho de 2012

dia dos avós


Hoje é o dia dos avós e estes são os meus dois netos

terça-feira, 24 de julho de 2012

HOMEM VENCENDO A MORTE- ESTATUA EM CHICAGO


EU LI PARA TI

Não morrer ou não ser sujeito à morte tem sido objeto de fascínio pela humanidade, pelo menos desde o início da História. A Epopeia de Gilgamesh, uma das primeiras obras literárias, que remonta a meados do século XXII a.C., é essencialmente a busca de um herói pela imortalidade.  
O investigador Kenneth Hayworth quer tornar este sonho realidade e afirma que está ao alcance da ciência.
Este brilhante engenheiro em neurociências, juntamente com outros, reunidos numa corrente chamada o “ transumanismo”,está convencido que a ciência e a tecnologia permitirão um dia ultrapassar os limites físicos e mentais da condição humana na morte.

O cérebro para os transumanistas é uma máquina complexa, mas que poderá finalmente ser reproduzida no futuro pela informática. Estão também convencidos que o conectoma (palavrão que inventaram para definir de maneira esquemática o mapeamento de todas as conexões dos neurónios e sinapses) contém a consciência humana.
Mesmo com estes princípios parece longínqua a meta da imortalidade.
É preciso chegar a um conhecimento completo do conectoma, para poder reproduzi-lo artificialmente. Mesmo assim, para fazer reviver um cérebro, é ainda necessário que este esteja perfeitamente conservado. É aqui que intervém o génio e a loucura de Kenneth. O génio porque este investigador americano conseguiu descobrir um processo químico de conservação do cérebro à escala do nanómetro cuja eficácia nos ratinhos é impressionante. A ele se deve “ uma técnica automatizada de corte do cérebro com a ajuda de um micrótomo” descrita no site Futura Santé, técnica que lhe valeu ser notado por numerosas equipas científicas nos Estados Unidos.
A loucura está evidenciada nas suas declarações à revista The Chronicle, em que afirma contribuir com o seu próprio cérebro. Encara com efeito um suicídio assistido para que o seu cérebro ainda jovem e em perfeito funcionamento possam ser utilizado para experiências de ressuscitação. A ideia não é bem acolhida pela comunidade científica não só porque levanta problemas éticos mas também porque os pressupostos nos quais se baseia estão longe de ser aceites por todos.
 



GUERNICA



FOI HÁ 75 ANOS

terça-feira, 17 de julho de 2012

CROMOS



Li e fiquei espantado pelo arrazoado com que o Sr. Raposo nos brindou no Expresso “on line”, no dia 10 de Julho, com o artigo:-“ a greve dos médicos é uma comédia”. Acho que já tinha escrito outro belo texto sobre os enfermeiros.
Perguntamos: - o que é que o senhor terá contra os técnicos de saúde?
Oh Sr. Raposo, estamos de facto em 2012, em pleno seculo XXI e não queremos o regresso ao passado. Para afirmar que esta é uma classe privilegiada é preciso conhecer um pouco da sua história. Na década de cinquenta, os médicos começaram a ter consciência da sua situação. Assim numa Assembleia realizada em Lisboa, em 30 de Janeiro de 1953, é apresentada uma moção sobre a grave crise que a classe atravessa e é proposta a constituição duma Comissão de Estudo da situação da profissão. À Ordem chegavam, cada vez em maior número, pedidos de apoio económico para associados e familiares em situações graves. (cf. As Carreira Medicas em Portugal: Evocação e Defesa, ed de 2007, Sindicato dos Médicos da Zona Sul/FNAM)
Perante a incerteza do seu futuro profissional os jovens médicos da altura reunidos no chamado “movimento dos novos” com o apoio dos Bastonários da Ordem dos Médicos, Professores Jorge Horta e Miller Guerra, apresentaram à classe o relatório das carreiras médicas que foi aprovado por unanimidade, em Assembleia Regional Extraordinária, realizada em Lisboa, assim com a eleição de uma comissão para estudar o problema das CARREIRAS MEDICAS.
O relatório sobre as carreiras médicas foi aprovado em A G da Ordem dos Médicos em junho de 1961, depois de largamente debatido pela classe médica. O relator foi um dos vultos da Medicina Portuguesa Professor Doutor Miller Guerra. O movimento médico, como foi chamado na altura e que os jornalistas, desse tempo, deram larga divulgação (a possível!) levou a que o chefe do governo Oliveira Salazar nomeasse o primeiro ministro da Saúde (antes a saúde estava debaixo da tutela do Ministro do Interior) em Portugal, o Prof. Henrique Martins de Carvalho. Este declarou publicamente “ que foi o maior contributo que um sector profissional até à altura tinha dado para um problema Nacional que ao sector dizia respeito”. Bonitas palavras que caíram em saco roto, pois foi só depois do 25 de Abril com a aprovação pela Assembleia da República do Serviço Nacional de Saúde que as Carreira Médicas passaram a existir no nosso país.
É pela defesa da que foi considerada a maior conquista do 25 de Abril, e que o atual governo quer destruir, que os médicos fizeram greve e compareceram em massa no dia 11 de Junho à frente do ministério da saúde. A maior greve de batas brancas de sempre.
O seu escrito é um insulto a todos os médicos portugueses e também a muitos que já faleceram e lutaram toda a sua vida por melhor assistência médica no nosso país.
 O Sr. afirma a dada altura: - “Um médico seja ele qual for, tenha ele a idade que tiver, é alguém que está numa posição privilegiada”. Engana-se redondamente a maioria deles em 2012, já nem sequer pertencem à classe média e muitos, devido à eficiência dos seus ídolos neoliberais têm o emprego ameaçado. Aliás é curioso que quando esteve em discussão no país o serviço nacional de saúde, os conservadores liberais alertavam para o perigo da proletarização dos médicos e foram estes anos depois, os políticos neoliberais, que conduziram à proletarização da classe médica.
O que talvez o senhor não saiba é que as Carreiras Médicas servem também para manter a dignidade profissional na defesa dos princípios deontológicos de que não abdicam. Idêntica atitude deveria ter todos os profissionais que estão ao serviço das populações sejam a cuidar da saúde seja a esclarecê-los.

Para o senhor o facto do emprego garantido ser só por si um privilégio, faz lembrar Grotius que defendia a escravatura como segurança de emprego para o escravo e a sua família e que preconizava, porém, que o negreiro não exagerasse nem na dureza do trabalho nem na sua crueldade.
 Mas isto era no seculo XVII!














Jornal «Avante!» - Argumentos - O mundo é deslumbrante, mas não é bonito

Jornal «Avante!» - Argumentos - O mundo é deslumbrante, mas não é bonito

segunda-feira, 9 de julho de 2012

CONTO I

Como prometido aqui vai um conto escrito pelo meu tio Lino.


ESTAVA TUDO DITO


Na minha adolescência residi num bairro elegante dos arredores de Lisboa, cujos moradores na sua grande maioria, eram gente abastada da alta burguesia.

Mesmo em frente da minha casa havia um palacete onde vivia um senhor de ar muito importante, que segundo se dizia, era director de um Banco. Com ele viviam a mulher e dois filhos, assim como um grande numero de serviçais, " machos" e fêmeas", de que se destacavam por menos vulgares, um preto e uma "nurse" de nacionalidade alemã.

Os senhores, marido e mulher, entravam e saíam do palacete sempre com imponência, agitando-se a transmitirem recados de última hora à criadagem que os envolvia em submissos salamaleques. Um belo automóvel, "espadalhão" sempre a luzir e um motorista fardado a preceito esperavam-os na rua junto ao portão.

No pequeno percurso que ia da porta principal do palacete até ao carro, os senhores primavam por não ligarem a nada nem a ninguém que os rodeava, evitando claramente lançarem um simples golpe de vista pela vizinhança.

Eu e a minha avó éramos espectadores fiéis e atentos de todo aquele aparato. Corríamos à janela para assistir às chegadas e às partidas dos grandes senhores, gozando o espectáculo, apreciando-o intimamente, mas sem trocarmos nunca uma única palavra sobre o que víamos. Verdade, verdade que dentro de nós sentíamos vontade de dizer qualquer coisa, de esboçar um comentário, mas o certo é que nada saía, permanecendo sempre mudos, estarrecidos.

Até que um belo dia, postos mais uma vez perante a cena, a minha avó desabafou e virando-se para mim, disse-me:
- OS MERDAS!
Estava dito, o que devia ser dito.

Lino Teixeira