domingo, 26 de maio de 2013

ISTO É FASCISMO



O governo espanhol disponibilizou,a 17 de Maio, uma verba de 280.000 euros para restaurar o mausoléu do ditador Francisco Franco na mesma altura em que rejeitou declarar o 18 de Julho, dia em que se deu o golpe de  estado em 1936 contra a república espanhola, como o dia de condenação do regime de Franco.
A associação para a recuperação da memória histórica diz que os impostos dos familiares das vitimas,servem para manter o mausoléu do responsável pelas suas mortes. Acrescenta que não existe nada semelhante com Mussolini na Itália ou com Hitler na Alemanha e eu digo ou com Salazar em Portugal.

Aos dirigentes desta associação parece - lhes bem que se visite o Vale dos Caídos, mas a ética deve estar à frente da estética, e esta exige que se faça na visita um relato histórico, pois os republicanos não pediram para ser ali enterrados. Aliás era de toda a justiça que os familiares dos combatentes sepultados no Vale dos Caídos pudessem enterrar os seus familiares onde quisessem. 
Milhares de presos republicanos participaram na construcção do monumento, entre 1940 - 1958, sobre o qual se levanta uma cruz de 108 metros.




Georges Moustaki Portugal (fado tropical)

Georges Moustaki - Le Métèque + Texte

Georges Moustaki já não está entre nós.
 Le Métèque ( O Estrangeiro) foi, para mim a sua grande canção.
Nascido em Alexandria, de pais gregos e escolhendo a França para viver, retrata-se nesta canção assim como todos os estrangeiros exilados e apátridas. 
O Fado Tropical em resposta ao Chico Buarque é outra das minhas canções preferidas pelo simbolismo e pela musicalidade.



terça-feira, 21 de maio de 2013

CRISE

Acabo de retirar da prateleira da estante, este livro velhinho de 1933, um requisitório sobre os acontecimentos na Alemanha no período da ascensão de Hitler ao poder.
Fiquei impressionado com a semelhança da situação económica na Alemanha com a que se passa actualmente  na Europa e no nosso país.

A Alemanha foi o primeiro país europeu a sofrer a grande crise económica que começou nos Estados Unidos da América nos anos 20.
O "Diktat" de Versailles e a derrota da guerra teve, sobre ela, efeitos esmagadores.A perda de regiões importantes do ponto de vista económico fez retrair o mercado alemão. As despesas da desmobilização e a transformação da industria de guerra pesaram muito no bolso do trabalhador contribuinte. Os círculos do capital monopolista alemão esforçaram-se constantemente de fazer cair sobre os ombros dos operários e da classe média o peso dos milhões exigidos pelas reparações e as grandes perdas.
Este agravamento que começou em 1917, mas que só se fez sentir em 1921/22. A inflação conduziu à catástrofe do outono de 1923, provocando uma miséria ainda maior dos operários e uma proletarização da classe média. A inflação depenou literalmente até ao ultimo centavo milhões de pessoas. Mas os banqueiros e os grandes industriais encaixaram benefícios descomunais. O Estado pagou-lhes 600 milhões de marcos ouro como indemnização pela ocupação do Ruhr, ao mesmo tempo que a população não recebeu nem um centavo.  
Mais tarde ( 1924 e 1927) houve, na Alemanha, uma certa retoma da economia que trouxe algum bem estar à pequena burguesia e a certas categorias do operariado.
Porém, a crise instala-se logo em 1930. A produção diminui e o numero de desempregados aumenta, no inverno deste ano o numero atinge os  3.000.000. Os patrões começam a sua grande ofensiva para a baixa  constante dos salários. Em comparação com o período de 1928/29 o salário médio tinha caído mais de metade. Segundo os jornais especializados da época, a soma total retirada aos salários e benefícios dos operários e empregados alemães, de Julho de 1929 a Julho de 1932, foi de 38 milhões de marcos.

Os salários baixam e o desemprego aumenta calcula-se a cerca de 9 milhões em fins de 1932.
A situação na classe média agrava-se cada vez mais, com a proletarização de grandes camadas.O numero de falências aumenta. A pequena burguesia das cidades e os pequenos camponeses são duramente atingidos. Mas a crise atinge também os trabalhadores intelectuais. O nível de vida dos professores, engenheiros, médicos,advogados, escritores, artistas baixa todos os dias. Um quarto dos universitários não tem emprego. Dos 8.000 formados nas escolas técnicas superiores  e médias ( 1931/32) só mil conseguiram  emprego nas suas profissões; 1 500 continuam os estudos graças a bolsas; outros 1 500 tentam sobreviver tornando-se vendedores ambulantes, empregados de café, etc..Os 4 000 que sobram ficam sem trabalho, vivendo na rua. Em muitas empresas só se trabalhava 3 a 5 dias por semana. E ISTO SEM A AJUDA DA CATASTROIKA.

As massas operárias começam a  engrossar o Partido Comunista. As manifestações aumentam e os encontros com a policia tornam-se violentos. A luta por melhores condições de vida radicaliza-se.Na província de Sleswig-Holstein tenta-se destruir as prefeituras e outros edifícios.
Os nazis fazem o seu caminho, Hitler entra no Partido Operário Alemão em 1919, este é o primeiro nome do Partido Nacional-Socialista, o seu programa chega a ser moderado, usando velhas formulas dos partidos burgueses liberais e da constituição de Weimar. Estas promessas nunca foram realizadas, como desenvolvimento da assistência aos idosos, via aberta aos homens de valor, protecção da mãe e da criança, o interesse publico antes do interesse privado.
O apoio aos nazis pelos capitalistas, sobretudo da Alemanha do Sul e a condescendência do Partido Social Democrata, sempre maioritário e o medo da revolução comunista levou o cérebro doente de Goebbels de engendrar a provocação do incêndio do  Reichstag que conduziu ao terror hitleriano.    
   Já com Hitler Chanceler do Reich, nomeado por Hindenburg, social democrata, o Partido Comunista propõe oficialmente à direcção do Partido Social Democrata, ao bureau dos sindicatos sociais democratas e cristãos, de organizar em comum uma greve geral para levar à queda do governo de Hitler. Os sociais democratas e os sindicatos responderam: " Hitler tomou o poder legalmente devemos esperar que seja ele a quebrar a legalidade." Quando quebrou já era tarde...E o incêndio do Reichstag acelerou o processo.


 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

AS FINANÇAS






FINANÇAS


O texto que vou redigir martela-me na minha cabeça desde que se instalou esta crise económico-financeira mundial, para a qual não se avizinha uma solução.
Felizmente que a medicina não sofre da mesma doença que a economia.
Imaginem o que seria se tudo o que me foi ensinado, como médico, pelos meus mestres se revelasse errado como parece estar a acontecer na Economia aonde nem sequer os Prémios Nobel se entendem.
Aliás não existe Prémio Nobel da Economia, pois Alfred Nobel não o previu, e esta condecoração
foi criada, em 1968, pelo Banco Central da Suécia e desde esta data muitos dos galardoados nem sequer são economistas. Congratulemo-nos, ao menos, por existirem economistas para todos os gostos o que dá um leque largo de opções para os nossos governantes.
Antes de prosseguir tenho de fazer a minha declaração de incompatibilidades, sempre tive e tenho muitos amigos economistas, em abono da verdade menos financeiros, formados no antigo Instituto Superior de Económicas e Financeiras.

Quando tive de escolher o curso universitário, após ter terminado o liceu, isto em 1961,várias possibilidades se me colocaram. A medicina, engenharia e direito eram as escolas mais pretendidas e mais prestigiadas, letras e ciências estavam destinadas ao ensino, ou na geologia ler o boletim meteorológico. Como tinha optado no quinto ano pela alínea f) sobrava Agronomia ou Veterinária que estavam destinadas aos filhos dos agrários ribatejanos e alentejanos. Quem pretendesse ir para Arquitectura tinha de escolher outra alínea e era tida como uma escola de boémios, não era um curso era um recurso, aliás ainda hoje é menorizada, senão vejamos: -costumo ir almoçar a um restaurante em que o dono trata todos os clientes por senhores doutores ou senhores engenheiros; muitas vezes encontro aí um grande amigo meu arquitecto, que também não escapa ao tratamento da casa de senhor doutor. O dono já cansado de estarmos sempre a emendá-lo, não é senhor doutor é senhor arquitecto, retorquiu:-“ não tenha pena senhor arquitecto, qualquer dia chega a senhor doutor”.
Já me ia esquecendo da Farmácia mas a concorrência era fraca e sobretudo feminina. Outros cursos Sociologia, Psicologia, Gestão não existiam e como não eram do agrado do ditador, sobretudo os dois primeiros, só tiveram carta de alforria depois do 25 de Abril de 1974.
Depois havia o ISCEF, mais conhecido por instituto de económicas e bagaceiras.

Pelo que se me tem dado observar durante esta crise será que há um pouco de verdade neste dichote. Se não vejamos enganam-se nas perspetivas, uns gritam AUSTERIDADE e outros Crescimento, cada um, teima na sua teoria. As folhas de Excel estão mal preenchidas para nos baralhar inventam nomes como subprimes, swaps, agências de rating, e depois pedem desculpa, como se nada fosse, nada preocupado com as vidas humanas. E ainda por cima ir ao mercado é complicadíssimo não é como nós fazemos que sempre temos a alternativa dos supermercados e as promoções do Pingo Doce.
Impuseram a ficção do Homo economicus responsável pelas suas escolhas racionais e que deve arcar com as suas consequências, pugnando por um mundo neo-liberal onde impera a competição de todos contra todos.
Também existem médicos que matam os doentes por insistirem em terapêuticas erradas e inventam palavras complicadas em inglês, mas felizmente são poucos e por isso podem e devem ser responsabilizados. E estes senhores será que nunca são responsabilizados pelos seus erros, será que são irresponsáveis ou como dizíamos em jovens são mais da bagaceira que da financeira.