terça-feira, 21 de maio de 2013

CRISE

Acabo de retirar da prateleira da estante, este livro velhinho de 1933, um requisitório sobre os acontecimentos na Alemanha no período da ascensão de Hitler ao poder.
Fiquei impressionado com a semelhança da situação económica na Alemanha com a que se passa actualmente  na Europa e no nosso país.

A Alemanha foi o primeiro país europeu a sofrer a grande crise económica que começou nos Estados Unidos da América nos anos 20.
O "Diktat" de Versailles e a derrota da guerra teve, sobre ela, efeitos esmagadores.A perda de regiões importantes do ponto de vista económico fez retrair o mercado alemão. As despesas da desmobilização e a transformação da industria de guerra pesaram muito no bolso do trabalhador contribuinte. Os círculos do capital monopolista alemão esforçaram-se constantemente de fazer cair sobre os ombros dos operários e da classe média o peso dos milhões exigidos pelas reparações e as grandes perdas.
Este agravamento que começou em 1917, mas que só se fez sentir em 1921/22. A inflação conduziu à catástrofe do outono de 1923, provocando uma miséria ainda maior dos operários e uma proletarização da classe média. A inflação depenou literalmente até ao ultimo centavo milhões de pessoas. Mas os banqueiros e os grandes industriais encaixaram benefícios descomunais. O Estado pagou-lhes 600 milhões de marcos ouro como indemnização pela ocupação do Ruhr, ao mesmo tempo que a população não recebeu nem um centavo.  
Mais tarde ( 1924 e 1927) houve, na Alemanha, uma certa retoma da economia que trouxe algum bem estar à pequena burguesia e a certas categorias do operariado.
Porém, a crise instala-se logo em 1930. A produção diminui e o numero de desempregados aumenta, no inverno deste ano o numero atinge os  3.000.000. Os patrões começam a sua grande ofensiva para a baixa  constante dos salários. Em comparação com o período de 1928/29 o salário médio tinha caído mais de metade. Segundo os jornais especializados da época, a soma total retirada aos salários e benefícios dos operários e empregados alemães, de Julho de 1929 a Julho de 1932, foi de 38 milhões de marcos.

Os salários baixam e o desemprego aumenta calcula-se a cerca de 9 milhões em fins de 1932.
A situação na classe média agrava-se cada vez mais, com a proletarização de grandes camadas.O numero de falências aumenta. A pequena burguesia das cidades e os pequenos camponeses são duramente atingidos. Mas a crise atinge também os trabalhadores intelectuais. O nível de vida dos professores, engenheiros, médicos,advogados, escritores, artistas baixa todos os dias. Um quarto dos universitários não tem emprego. Dos 8.000 formados nas escolas técnicas superiores  e médias ( 1931/32) só mil conseguiram  emprego nas suas profissões; 1 500 continuam os estudos graças a bolsas; outros 1 500 tentam sobreviver tornando-se vendedores ambulantes, empregados de café, etc..Os 4 000 que sobram ficam sem trabalho, vivendo na rua. Em muitas empresas só se trabalhava 3 a 5 dias por semana. E ISTO SEM A AJUDA DA CATASTROIKA.

As massas operárias começam a  engrossar o Partido Comunista. As manifestações aumentam e os encontros com a policia tornam-se violentos. A luta por melhores condições de vida radicaliza-se.Na província de Sleswig-Holstein tenta-se destruir as prefeituras e outros edifícios.
Os nazis fazem o seu caminho, Hitler entra no Partido Operário Alemão em 1919, este é o primeiro nome do Partido Nacional-Socialista, o seu programa chega a ser moderado, usando velhas formulas dos partidos burgueses liberais e da constituição de Weimar. Estas promessas nunca foram realizadas, como desenvolvimento da assistência aos idosos, via aberta aos homens de valor, protecção da mãe e da criança, o interesse publico antes do interesse privado.
O apoio aos nazis pelos capitalistas, sobretudo da Alemanha do Sul e a condescendência do Partido Social Democrata, sempre maioritário e o medo da revolução comunista levou o cérebro doente de Goebbels de engendrar a provocação do incêndio do  Reichstag que conduziu ao terror hitleriano.    
   Já com Hitler Chanceler do Reich, nomeado por Hindenburg, social democrata, o Partido Comunista propõe oficialmente à direcção do Partido Social Democrata, ao bureau dos sindicatos sociais democratas e cristãos, de organizar em comum uma greve geral para levar à queda do governo de Hitler. Os sociais democratas e os sindicatos responderam: " Hitler tomou o poder legalmente devemos esperar que seja ele a quebrar a legalidade." Quando quebrou já era tarde...E o incêndio do Reichstag acelerou o processo.


 

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