sábado, 18 de abril de 2020

Geolocalização







Geolocalização Móvel Medos e Perigos

O medo atávico do contágio tentou desde tempos imemoriais identificar os doentes sobretudo nos tempos de epidemias. Assim foi na Idade Média, com a peste, em que os doentes eram obrigados a movimentarem-se com um sino amarrado ao tornozelo para avisar as outras pessoas.   Hoje, em pleno século XXI, com os meios de comunicação que chegam a milhares de pessoas, com imagens televisivas assustadoras de enterros em massa e de hospitais cheios de doentes em corredores e hospitais de campanha, como se de uma guerra mundial se tratasse e a agravar esta situação o desconhecimento científico do novo vírus e das suas formas de contágio leva a um pânico generalizado e compreensível.
Esta pandemia pôs na ordem do dia a questão ética se se deve denunciar as pessoas infectadas pelo COVID. Autarcas querem possuir esses dados referentes aos seus munícipes, chegando a dizer: "andam umas bombas relógio à solta que deviam estar em casa (…) portanto o estado de emergência devia ampliar as condições – só que as entidades são obtusas para entregar os dados individuais dos positivos (…) eu entrego os dados em envelope fechado à Polícia Municipal (…)”.
(Antena 1, 11.04.20).
Na Idade Média colocava-se um sino, hoje com a tecnologia avançada made in China coloca-se um chip.
A aplicação no telemóvel para identificar os infetados com o novo coronavirus começou na China e foi seguida pela Coreia do Sul e Singapura. Há anos que os informáticos chineses tinham à sua disposição  centenas de milhões de caras para treinar os seus computadores no reconhecimento facial, o que se tornou muito útil para resolver problemas diários como compras no supermercado, transportes, entrar nos prédios, pagar as contas nos restaurantes ou ainda retirar dinheiro do banco. Basta fazer um scanner no código de barras  e mostrar a sua cara na caixa. Aí, uma câmara inteligente reconhece-a e valida as suas compras. Daí a usar uma aplicação no telemóvel para identificar e seguir os COVID positivos  é uma brincadeira de crianças.
O medo está a levar países europeus (Itália e Espanha) a fazer contratos com start-ups chinesas e coreanas para identificarem e seguirem os seus concidadãos portadores do novo coronavírus, o que permite a qualquer um identificar se está próximo de um infetado, se existe alguém na sua rua ou no seu prédio com o vírus. O reverso da medalha consiste no saber se esta aplicação irá servir para vigiar os cidadãos a fim de criar uma sociedade de controle, verdadeiro Big Brother, que ultrapassa toda a imaginação de Aldous Huxley ou de George Orwell.
A memória é curta, mas todos este países assinaram em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos que diz no seu artigo 12, cito: "Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei".
Este conceito abre as portas a outros direitos online e offline, como o direito à não discriminação
A Liberdade é o bem mais precioso que os povos conquistaram e o nossa foi alcançada há 46 anos.
A História ensinou-nos que nada justifica a interrupção da Liberdade, seja para satisfazer a fome, combater a desigualdade ou, como agora, ter mais segurança
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Lisboa,17 de Abril de 2020
Jaime Teixeira Mendes
Cirurgião Pediatra

CRISE SANITÁRIA CRISE ECONOMICA



 CRISE SANITÁRIA CRISE ECONÓMICA




Retomo a escrita neste blogue um mês depois de ter sido declarada, pela OMS, a pandemia de um novo coronavirus altamente contagioso que se iniciou em Whuan, na China
Em Portugal como em quase toda a Europa para fazer fase a esta pandemia foi declarado um regime de excepção obrigando a um isolamento com distanciação social.
Portanto, estamos eu a Teresa e a Luísa confinados na nossa casa de Casais de Aroeira, situada a 7km de Santarém.
Existe um consenso quase mundial para se tomarem estas medidas de confinamento com consequências desastrosas para o pequeno comercio e sobretudo para milhares de trabalhadores que já sofrem a situação de desempregados.  Contrariando este consenso quase mundial e atacando as decisões da OMS estão os Presidentes dos Estados Unidos da América e do Brasil- Donald Trump e Jair Bolsonaro.

Vou postar aqui o comunicado que a Associação Médica pelo Direito à Saúde enviou para a imprensa.

COMUNICADO

A Associação de Médicos pelo Direito à Saúde (AMPDS) condena publicamente o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, por suspender a contribuição do país à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ao mesmo tempo apoia a posição do secretário-geral das Nações Unidas, da União Europeia, da União Africana e de diversas nações entre as quais Portugal que consideram não ser o momento para fragilizar a organização.
No momento em que existem mais de dois milhões de casos confirmados no mundo e 133 mil mortes, em 193 países e territórios, Donald Trump acusa a China de “má gestão e ocultação da disseminação” da pandemia do COVID-19 e ordena “a suspensão, por um período entre 60 a 90 dias, do financiamento para a Organização Mundial da Saúde enquanto estiver a ser conduzido um estudo para examinar o papel da OMS na má gestão e ocultação da disseminação do novo coronavírus".
Neste momento os EUA são o país que regista o maior número de mortos por COVID-19, estimado em quase 26 mil mortes, dos mais de 600 mil casos confirmados, 2.200 das quais nas últimas 24 horas, apesar do presidente norte-americano ter minimizado desde o princípio as consequências da pandemia.
O director da revista médica The Lancet,  o médico britânico Richard Horton, classifica a decisão de Trump como  “um crime contra a humanidade” e “uma traição atroz contra a solidariedade global”.
Richard Horton afirma que “todos os cientistas, todos os trabalhadores da área da saúde, todos os cidadãos devem resistir e rebelar-se contra esta traição atroz contra a solidariedade global.”
Deste modo, a AMPDS junta-se a todos os que condena a atitude do presidente dos Estados Unidos que considera um crime humanitário.

O presidente da AMPDS
Jaime Teixeira Mendes

Lisboa, 16 de Abril de 2020