quarta-feira, 24 de abril de 2013

O QUE FAZ A POUPANÇA.


O Gana, como a maioria dos países subsarianos, tem uma forte prevalência de infecção por HIV ( SIDA).
O uso do preservativo ainda não entrou nos hábitos dos seus habitantes, apesar de todas as campanhas de alerta para os perigos de contrair a doença, e uma das justificações seria o seu preço.

Para contornar esta dificuldade, o governo do Gana comprou, em fins de 2012, mais de 100 milhões de preservativos, fabricados na China, da marca "Be Safe", para serem dados gratuitamente  nos vários centros de saúde espalhados pelo país.

A campanha foi interrompida bruscamente, devido aos protestos dos utentes. Na realidade, os preservativos revelaram-se muito pequenos e muito finos. Um dos responsáveis da FDA ( Food and Drugs Authority) afirmou que na realidade, estes, eram de má qualidade e que podiam rebentar durante uma relação sexual. A recolha dos preservativos vendidos por 2 empresas farmacêuticas chinesas começou a ser feita.
Um inquérito vai ser  aberto afirma o representante da ONUSIDA.

Múltiplas queixas já tinham sido feitas pelos responsáveis da saúde, noutros países africanos, onde os preservativos made in China suscitaram alguma desconfiança. Um tribunal sul africano já tinha mesmo, em 2011, impedido o  governo do seu país de  comprar 11 milhões de preservativos devido às duvidas suscitadas pela sua qualidade e  pelo seu tamanho.

COMENTÁRIOS:
Se não fosse verdade e um assunto tão sério, dava vontade de rir. Como foi possível acreditar que uma camisa chinesa servia a um africano.

O ministro Santos Pereira ainda não viu esta oportunidade de negócio.
Vamos exportar juntamente com os pasteis de nata, preservativos portugueses com bom tamanho e resistentes.





Onde é que você estava no 25 de Abril?


Ficou famosa a célebre frase, do Baptista Bastos, num programa de TV que passava a deshoras, onde é que você estava no Vinte Cinco de Abril?
O que eu responderia como entrevistado, escrevi-o.
" ...Até que um dia, ao chegar ao hospital, pois entrava às 7 horas no bloco operatório, o meu chefe perguntou-me: Monsieur Mendes qu'est ce qui se passe chez vous?
Estava tão longe da possibilidade de uma revolução em Portugal que pensei que ele se referia à minha casa ( chez vous), apesar de ter saído dela há pouco menos de dez minutos.
Quando me contou que os tanques estavam na rua, percebi logo o sentido de chez vous. Escusado será dizer que não operei naquela manhã, para bem das crianças.....Conta-se que um exilado português, leitor na Universidade de Grenoble, que estava a proferir a sua lição quando soube do 25 de Abril, disse para os alunos: Je viens tout de suite, je vais juste passer un coup de file. Parece que até hoje os estudantes esperam o fim da aula.
pgs 44,45 do livro A FOTO E o Reencontro Meio Século Depois.

NÃO SEI, MESMO QUE NÃO SEJA SEGURO TENHO DE IR

Assim consta o relato da Teresa no mesmo livro:
-" Surge então a noticia tão esperada do 25 de Abril.
A ideia imediata foi de largarmos tudo e regressarmos o mais rapidamente possível. Poderíamos apanhar o avião que trouxe Álvaro Cunhal e outros exilados para Portugal. Poderíamos ter seguido no chamado "comboio da liberdade" pois o meu pai tinha-nos telefonado na véspera avisando que iriam partir. Lembro que lhe perguntei inquieta se seria seguro para ele ir assim sem saber exactamente o que estava a acontecer. Respondeu-me de imediato: " Não sei, mesmo que não seja seguro tenho de ir." O meu pai era assim, o que tinha de ser feito fazia-se, custasse o que custasse.
(pg 264)


segunda-feira, 15 de abril de 2013

REGRESSO AO PASSADO


        SERVIÇO NACIONAL DE SAUDE
        O regresso ao passado




A ofensiva contra o Serviço Nacional de Saúde pelas forças conservadoras - agora dirigida pela equipa do ministro Paulo Macedo - tem sido uma constante. A desculpa inventada é a falta de sustentabilidade do sistema.

A destruição do SNS significará o fim do sonho, acarinhado por muitos profissionais de saúde e pelo povo português, do direito à saúde.

A aprovação da Lei de Bases do Serviço Nacional de Saúde na Assembleia da República, em Outubro de 1978, obra da luta prolongada dos médicos progressistas com o apoio das populações, foi o começo da realização desse sonho.

Esta lei, que ficou conhecida pela lei “Arnaut”, venceu os projetos alternativos da direita, que defendiam a medicina convencionada e o seguro-doença. Sistemas virados para uma medicina individualista de cariz curativo, ignorando os cuidados primários, a prevenção da doença e a promoção da saúde.

Os atuais partidos do governo (PSD e CDS) têm inscrito no seu ADN a filosofia medievo-fascista do chamado “ Estado Novo”, tão bem definida neste texto da Comissão Democrática Eleitoral (CDE) em Outubro de 1969.
«...a saúde e a proteção sanitária foram montadas e mantidas em Portugal não como um direito que assistia aos cidadãos – o direito à saúde – mas como um acto decorrente da caridade das consciências, consubstanciado no célebre “slogan” que há 15 anos fazia furor “os que podem aos que precisam” e sobre o qual se pretendia montar a assistência e organização hospitalar do país»

No mesmo programa da CDE, em 1969, no fim do capítulo “Os problemas da saúde”, propunha-se já a criação de um Serviço Nacional de Saúde.

A política de saúde prestada pela Federação das Caixas de Previdência redundou num fracasso estrondoso. Portugal atingiu os piores níveis de saúde da Europa, onde coexistiam doenças do terceiro mundo, como o Kawshiorkor e outras formas de malnutrição,  a par das doenças de países industrializados.

A mortalidade infantil era de 44,83 por mil e atingia no distrito de Vila Real o número de 90,99 por mil nados vivos, as doenças infeciosas e parasitárias abrangiam 23,5 por cem pessoas por mil habitantes, a esperança de vida à nascença era para os homens de 64,7 e para as mulheres de 71,1. (in Subsídios para o lançamento das bases do SERVIÇO NACIONAL DE SAÙDE, Nov. 1974)

Assim andava o país dos brandos costumes e dos governos “autoritários”, como agora certos historiadores apelidam a Ditadura.

Sem pretensões de querer fazer história, pois não é esse o intuito deste artigo, irei salientar apenas alguns factos: os avanços que tinham sido conseguidos nos finais do século XIX e primeiras décadas do século XX, nomeadamente no campo da saúde pública, sofreram graves retrocessos com o regime fascista instaurado em 1926 no nosso país. Os seguros sociais obrigatórios tinham sido instituídos em 1919, enquanto, por exemplo a França, só os adotou alguns anos mais tarde.
- Na década de 50 e 60, os médicos internos não auferiam qualquer remuneração e, durante algum tempo, ainda tinham de pagar uma quantia para terem direito à formação, e mesmo os médicos do quadro recebiam aquilo a que se chamava gratificação simbólica. Várias comissões de médicos pediram ao longo dos anos o estabelecimento de uma remuneração condigna, o que sempre lhes foi negada, com o argumento que podiam recorrer à clinica livre. Nessa altura, a saúde era tutelada pelo Ministério do Interior, o que só por si diz tudo e explica como o fascismo encarava a saúde dos portugueses.
- Em 10 de Dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Declaração dos Direitos do Homem.
No seu parágrafo 25 pode ler-se: “Cada pessoa tem o direito a um modo de vida que assegure a sua saúde pessoal e bem-estar, assim como à sua família, incluindo a alimentação, vestuário, habitação, assistência médica e as necessárias garantias de uma assistência social. Tem o direito à segurança em caso de desemprego, invalidez, viuvez ou se perder os meios de subsistência por circunstâncias de que não é responsável.”
Um novo conceito é criado, mais tarde reafirmado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que define a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.

EXCESSO DE MÉDICOS?

Hospital de Santarém


A primeira página do jornal " O Mirante", semanário regional do Ribatejo, exibia o seguinte titulo, no dia 11/4/2013: - "URGÊNCIAS DO HOSPITAL DE SANTARÉM em ruptura por falta de profissionais" .
O texto afirmava:- "que médicos e enfermeiros são pouco para os serviços e que os médicos contratados a empresas muitas vezes não aparecem ou chegam já cansados do trabalho em outros hospitais". Segundo, um médico interrogado pelo jornal, o numero desejável de profissionais para formar uma equipa de urgência é de 12 médicos, para um volume de 300 atendimentos por dia. Actualmente as equipas médicas são constituídas por 8 médicos.
Os enfermeiros nas urgências chegam a realizar 2 turnos e andam estafados física e psicologicamente o que coloca em risco a segurança para os doentes.
Este panorama podia-se passar em qualquer outro hospital do país, não é caso único.
Estou aposentado há 3 anos e vejo com apreensão que o problema das urgências se agrava por falta de meios humanos e o ministério não dá solução.
Apesar disto, responsáveis continuam a afirmar que há médicos a mais, e as vagas existentes não são preenchidas. Pois é, enquanto congelamos ordenados e destruímos as carreiras profissionais, os jovens médicos portugueses emigram para a Inglaterra, França, Alemanha etc...em busca de melhores condições de vida. Muitos deles nunca regressarão.
Como afirma, na peça jornalística, a directora clínica do hospital tem de recorrer a empresas de fornecimento de médicos, agora pagos por 15 euros ilíquidos à hora ( em 2007, pagavam no mínimo 30 euros, consoante as especialidades, sendo os anestesistas os mais bem pagos). Contra este escândalo das empresas de fornecimento de médicos falaram que eu me lembre 2 ministros da saúde, o actual e o anterior, mas como se vê ainda nada foi feito.
Quanto aos enfermeiros ainda é mais gritante e todos estão de acordo que há falta destes profissionais, mas seguramente só com os que emigraram para o Reino Unido preenchiam-se as deficiências de várias unidades de saúde.
 Alerta: Todos estes profissionais estão em risco de adoecerem. O Síndrome de  Burnout aparece mais nestas profissões. A Medicina do Trabalho devia actuar nestes casos. O problema vai se agravar com o anuncio dos cortes de mais 20% nas horas extraordinárias.

Síndrome de burnout é um distúrbio psíquico de carácter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, definido por Herbert J. Freudenberger como "(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional".[1] WIKIPEDIA



segunda-feira, 8 de abril de 2013

A Foto: A FOTO em Vila Franca de Xira

A Foto: A FOTO em Vila Franca de Xira: No Sábado 6 de Abril, a partir das 16 horas, no Museu do Neorealismo, ocorreu a apresentação do livro A FOTO, em Vila Franca de Xira, por ...

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Livro A FOTO E o Reencontro Meio Século Depois









Dia 6 de Abril, às 16 horas, haverá mais um lançamento do livro A FOTO, no museu do neo - realismo em Vila Franca de Xira. O convite foi nos feito pelo António Mota Redol que será um dos apresentadores da obra, juntamente com José Medeiros Ferreira.
O museu, encontra-se na Rua Alves Redol nº45 .

Segue, em baixo, uma sugestão de António Redol, para uma tarde de Sábado bem passada.


Meu Caro / Minha Cara
Aqui vai, de novo, o convite para um Sábado bem passado.
O livro apresentado contem textos autobiográficos de pessoas
que lutaram contra o fascismo português.
Reparem que dois dos autores são dois ex-dirigentes/ colaboradores da AEIST
e que a esta se referem.
Proponho que almocem açorda de sável em Vila Franca
e visitem as exposições do Museu, entre as quais a exposição
permanente e "A Gravura em Contexto (1956-2004)", com gravuras editadas
pela Cooperativa Gravura, onde estão representadas obras
dos mais importantes artistas plásticos portugueses do séc. XX,

colecção adqurida pela Culturgest. 
Um abraço.
A. Mota Redol

terça-feira, 2 de abril de 2013

SENTENÇA HISTÓRICA


UM EXEMPLO A SEGUIR

Como já tinha relatado, anteriormente, neste blogue havia uma luta jurídica que se desenrolava na Índia, a propósito das patentes dos medicamentos entre os fabricantes indianos e a multinacional farmacêutica Novartis.

A decisão do Supremo Tribunal da Índia é histórica, sendo a sentença favorável aos fabricantes de genéricos indianos rejeitando a petição da Novartis, que pretendia registar a patente de um medicamento anti-cancerígeno que não tinha nenhuma diferença substancial com o genérico já comercializado na Índia.

A sentença do Tribunal colocou fim a uma batalha legal que durava desde 2006 em que a companhia farmacêutica Novartis pretendia anular uma disposição da Lei de patentes deste país que inclui salvaguardas para evitar registos abusivo de fármacos que não apresentem uma inovação. O que não existe na nossa lei em Portugal e permite que com uma pequena modificação se alonguem os prazos das patentes dos medicamentos.

Este dispositivo da lei, na Índia, fez com que este país se tornasse na farmácia dos países em vias de desenvolvimento, proporcionando medicamentos de qualidade a preços acessíveis. Quase 70% das exportações indianas estão destinadas a países do terceiro mundo, aonde nem os sistemas públicos de saúde, nem os doentes, podem pagar o preço dos medicamentos de marca, segundo denuncia da ONG, Médicos sem Fronteiras.

Se a Novartis tivesse ganho o processo, a Índia já não poderia fornecer medicamentos, nomeadamente retro virais a milhares de doentes com HIV nos países em vias de desenvolvimento, pois o laboratório iria pedir, de imediato, a extensão da protecção das patentes a outros medicamentos.

Só como exemplo, 80% dos 220 000 doentes com SIDA, que os médicos sem fronteira tratam no mundo, dependem de medicamentos genéricos fabricados na Índia.

A luta jurídica, começou com o medicamento anti cancerígeno Glivec. A petição do laboratório suíço era para concederem a patente de uma nova formula da molécula, já descrita em patentes outorgadas nos Estados Unidos e noutros países desenvolvidos.
Para se ter uma ideia dos custos, o medicamento de marca custava 2 600 dólares por doente e por mês e o genérico apenas 200 dólares.
No caso do tratamento dos doentes com SIDA, no ano de 2000, custava 10 000 dólares e hoje ronda os 100 dólares ( 80 euros) , isto devido à industria de genéricos indiana.