quarta-feira, 24 de abril de 2013

Onde é que você estava no 25 de Abril?


Ficou famosa a célebre frase, do Baptista Bastos, num programa de TV que passava a deshoras, onde é que você estava no Vinte Cinco de Abril?
O que eu responderia como entrevistado, escrevi-o.
" ...Até que um dia, ao chegar ao hospital, pois entrava às 7 horas no bloco operatório, o meu chefe perguntou-me: Monsieur Mendes qu'est ce qui se passe chez vous?
Estava tão longe da possibilidade de uma revolução em Portugal que pensei que ele se referia à minha casa ( chez vous), apesar de ter saído dela há pouco menos de dez minutos.
Quando me contou que os tanques estavam na rua, percebi logo o sentido de chez vous. Escusado será dizer que não operei naquela manhã, para bem das crianças.....Conta-se que um exilado português, leitor na Universidade de Grenoble, que estava a proferir a sua lição quando soube do 25 de Abril, disse para os alunos: Je viens tout de suite, je vais juste passer un coup de file. Parece que até hoje os estudantes esperam o fim da aula.
pgs 44,45 do livro A FOTO E o Reencontro Meio Século Depois.

NÃO SEI, MESMO QUE NÃO SEJA SEGURO TENHO DE IR

Assim consta o relato da Teresa no mesmo livro:
-" Surge então a noticia tão esperada do 25 de Abril.
A ideia imediata foi de largarmos tudo e regressarmos o mais rapidamente possível. Poderíamos apanhar o avião que trouxe Álvaro Cunhal e outros exilados para Portugal. Poderíamos ter seguido no chamado "comboio da liberdade" pois o meu pai tinha-nos telefonado na véspera avisando que iriam partir. Lembro que lhe perguntei inquieta se seria seguro para ele ir assim sem saber exactamente o que estava a acontecer. Respondeu-me de imediato: " Não sei, mesmo que não seja seguro tenho de ir." O meu pai era assim, o que tinha de ser feito fazia-se, custasse o que custasse.
(pg 264)


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