quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A REVOLTA DAS BATAS BRANCAS




A REVOLTA DAS BATAS BRANCAS
 

Os profissionais da saúde têm uma especial sensibilidade para as dificuldades económicas dos mais carenciados, com algumas exceções. claro. Estes ultimos como dizia Abel Salazar, estão entre “ aqueles que só sabem medicina nem medicina sabem”, ou seja não observam de uma forma holística.

A teimosa politica, neoliberal, de mais e mais austeridade proposta pela troika e executada pelo governo PSD/CDS, ao empobrecer as classes mais fracas e desfavorecidas, demonstra uma insensibilidade atemorizadora, conduzindo a situações angustiantes na circunstância de maior debilidade do homem, a doença.

Os médicos e os outros profissionais da saúde presenciam no seu dia-a-dia a miséria humana que regressou aos nossos hospitais e centros de saúde. Foi assim que a greve dos médicos em Portugal atingiu uma adesão nunca vista e pela primeira vez na história recente teve o apoio dos movimentos representativos dos utentes.

Nós sabemos que quando uma terapêutica não está a resultar na cura do doente temos obrigação de a mudar. O mau clinico, assim como o mau dirigente, é aquele que não houve as queixas do doente, ou do povo, e do alto do seu pedestal insiste na mesma terapêutica e afirma de maneira soberba:- “a culpa é do doente”, leia-se do povo!

As greves das batas brancas não ocorreram só em Portugal. Anteriormente tinha havido no Reino Unido, em defesa do NHS e, neste verão, surgiram em todos os países duramente tocados pela crise e pelas medidas prescritas pelos diversos governos europeus.

Nas ruas de Madrid, os médicos espanhóis desfilaram recusando obedecer às novas medidas do governo Rajoy que, entre outras, pôs fim aos cuidados gratuitos aos estrangeiros sem papéis, provocando assim um crime de saúde pública.

Na Grécia, os protestos não são apenas pela defesa dos emigrantes, mas da sua população (como em Portugal). Este país enfrenta uma verdadeira crise humanitária e viu cortes de 25% no orçamento da saúde e a assistência gratuita e universal completamente suprimida

Com as medidas recentes de poupança suplementar de 1,4 milhões de euros nos hospitais e nos centros de saúde, os medicamentos faltam cada vez mais, devido ao aumento das faturas por pagar aos laboratórios.

Em Roma, outra cidade berço da nossa civilização, as batas brancas estão na rua (médicos, enfermeiros e farmacêuticos) recusando uma grande parte das medidas adotadas esta semana pelo governo Monti.

Finalmente, também na Alemanha muitos médicos contestam as privatizações forçadas da oferta dos cuidados hospitalares, desencadeados há alguns anos, que põem em causa, segundo estes, a qualidade dos cuidados prestados aos utentes. A queda do Império Romano começou em Roma.

O alerta deve ser lançado aos governantes europeus, numa democracia nenhum cidadão pode ser privado ao acesso aos cuidados de saúde por razões económicas.

 

 



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