quinta-feira, 26 de abril de 2012














Mascando folhas de coca

     
Vinho com a benção do Vaticano



A GRANDE DIFERENÇA ENTRE A FOLHA DE COCA E A COCAÍNA      
A confusão lançada em que as folhas de Coca e a cocaína têm o mesmo efeito, é propositada. Até esta data não existe qualquer prova científica deste facto em que os governos dos países ditos desenvolvidos se posam basear para impor os seus mitos aos povos que guardam tradições e saberes ancestrais.
Assim, não é de estranhar que tentem proibir a cultura da coca nos países andinos, considerando-a um dos maiores perigos para a humanidade.
Esta intolerância vem de longe. A comissão de estudo das folhas de coca patrocinada pelas Nações Unidas em 1949 não teve pejo em esquecer 8000 anos dos hábitos nos Andes de mastigar folhas de coca com propósitos medicinais para concluir, depois de um ano de estudo, que este hábito tinha efeitos negativos. A ONU condenou o mascar de folhas de coca, classificando esta planta como um estupefaciente juntamente com a cocaína e heroína e submeteu-a ao controlo internacional. 1961 Convenção sobre estupefacientes da Organização das Nações Unidas
Este comité cedeu à imposição dos países desenvolvidos e esqueceu as centenas de trabalhos científicos internacionais que afirmavam que a folha de coca utilizada no estado natural não representa nenhum perigo para a saúde e classificá-la como estupefaciente carece de bases científicas.
Mastigar folhas de coca produz, pelo contrário, efeitos estimulantes moderados e pode mesmo reduzir a fome, ajudar à digestão e combater a doença de altura ou mal de montanha que acontece em lugares elevados da cordilheira dos Andes.
Este habito praticam diariamente os quéchuas, os aimaras e os chibchas assim como fizeram antes deles os habitantes de Tiahuanaco que pertenciam à cultura pré-inca (2000 a 1500 a.c.). Desde estes tempos a folha de coca tem sido um importante produto de intercâmbio e controlo de diferentes terrenos ecológicos.
Segundo cronistas espanhóis, os cocais eram propriedade do Inca e ele oferecia folhas de coca aos visitantes de outras etnias e aos líderes das regiões conquistadas.
Usava-se também nos ritos religiosos, queimando estas folhas para que o fumo subisse até ao céu de Ataguju, deus criador do céu e da terra.
A folha de coca é perseguida desde o seculo XVI, os colonizadores espanhóis viram nela um perigo para a envangelização e tentaram eliminá-la. Não conseguiram. O Administrador Colonial Juan Matienzo escreveu que arrancar as folhas de coca era o mesmo que acabar com os Vice-reis no Perú. Nova tentativa foi feita em 1855, Já depois da independência do Perú, pela comunidade científica. Foi neste ano que o químico alemão Gaedcke conseguiu isolar das folhas de coca um alcaloide a que chamou Erythroxylina, nome genérico da planta. Um ano depois outro químico alemão, Albert Niemann purificou este alcaloide e isolou a cocaína. Precisamente, ao mesmo tempo, o químico italiano Angelo Marini produziu com base nas folhas de coca um vinho que se transformou numa bomba na Europa. Até o Papa Leão XIII cedeu a sua efigie para o rótulo do vinho e o Vaticano distinguiu o químico com uma medalha de ouro como reconhecimento do seu trabalho para o benefício da saúde da humanidade.
A Coca-Cola compra anualmente 300 toneladas da folha desta planta para a produção desta bebida, utilizando as folhas sem alcaloides, ou seja “descocainizada”, a sua fórmula continua a ser secreta e protegida por várias patentes.
A confusão entre a folha de coca e a cocaína é deliberada ignorando-se que esta não é droga.
Para transformar a folha em cocaína é necessário um tratamento com químicos: - ácido sulfúrico, carbonato de sódio, acetona, diesel, permanganato de sódio e cal para se obter a pasta básica de cocaína e a partir desta o cloridrato.
Quando este reage com bases é convertido em cocaína pura, também chamada bases livres.
Para um quilo de cloridrato são necessárias 125 Kg de folhas de coca. Contudo, persiste no Ocidente a ideia que se pode voar mascando uma folha de coca e esta é uma pergunta frequente dos turistas na Bolívia e no Peru.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, defende em todos os foros internacionais que a folha de coca não é uma droga e que a partir desta pode-se fabricar uma variedade de produtos: - farinha de coca, refrescos, tortas e mesmo cerveja.
Tem mais cálcio que o leite e tanto fosforo como os peixes.
Na realidade a folha de coca per si não é problema para a humanidade mas um alívio para os problemas de nutrição e de saúde, ao passo que a cocaína representa um perigo.
Esta tornou-se uma fonte de receitas e enriquecimento para narcotraficantes e para muitos governos que através dos seus serviços secretos utilizam a droga como um instrumento de poder.
O departamento das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), revela nos seus dados estatísticos que nos Estados Unidos consome-se anualmente, umas 160 toneladas de cocaína, o que representa 37 por cento do consumo mundial. Na Europa, 130 toneladas (30 por cento).
Se calcularmos que um Kilo de cocaína custa 2000 dólares, o lucro no primeiro caso é de 320 mil milhões de dólares e na Europa de 260 mil milhões.
Os camponeses que cultivam as folhas de coca ganham no máximo 3000 dólares numa colheita, ao passo que os narcotraficantes, milhares de milhões de dólares tornando-se praticamente impossível erradicar o tráfico de cocaína. 
Muitos dos efeitos benéficos para a saúde que possam ser extraídos das folhas de coca, como a reserpina e a papaína, ainda não foram explorados pela indústria farmacêutica, contudo apesar desta ser fundamental para os andinos está a ser vitima da cocaína e a pagar todos os pecados dos narcotraficantes e dos poderosos do mundo.







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