sexta-feira, 11 de maio de 2012

ESQUERDA


É agora….

 A vitória de Hollande, nas eleições presidenciais francesas, foi a vitória da esquerda. Não foi, como certos comentadores dizem, a derrota de Sarkozy.
Esta vitória nunca seria possível sem os votos da Frente de Esquerda, Partido Comunista e Verdes/ Ecologistas. Vejam-se as bandeiras hasteadas no grande comício da Bastilha. 

Chegou a hora de em Portugal assistirmos a esta união e de uma vez por todas o PS tirar o socialismo da gaveta.

Desde a cisão dos Partidos Sociais - Democratas na Europa, com a constituição da II Internacional, em 1889, os comunistas afastaram-se e, pouco a pouco, os socialistas foram renegando Marx.

Em Portugal a cisão da II internacional com as suas fações marxistas e possibilistas dividem os socialistas nos últimos anos da monarquia e primeiros da república. A aproximação destes aos republicanos, apesar de não ser consensual, enfraquece o partido e o anarco-sindicalismo sai reforçado no meio do operariado.

A formação do Partido Comunista Português, em 1920, é feita com muito mais quadros oriundos do anarco-sindicalismo, que dominava a Confederação Geral do Trabalho, do que oriundos dos socialistas que se tinham unidos aos republicanos.
A unidade entre socialistas e comunistas nunca existiu em Portugal, ao contrário da França ( Front Populaire, etc..), excetuando momentos muito pontuais da luta antifascista.

Vejamos o que se escrevia no Portugal Socialista, em Outubro de 1971, após a aprovação da Declaração de Princípios da Ação Socialista Portuguesa ( ASP).

« …Contrariamente à corrente “reformista” atual, impropriamente denominada de “socialismo democrático”, a essência da nossa “Declaração de Princípios” inspira-se no ideário do socialismo cientifico do século XIX. Se bem que a nossa carta se proclame a “herdeira de uma tradição socialista que, entre nós, já conta mais de um século”, e que nessa herança a inspiração do socialismo cientifico se sinta com maior ou menor intensidade, ela enuncia também, antes mesmo de repudiar o “caminho daqueles movimentos que, dizendo-se embora socialistas ou social-democratas, acabam por servir, deliberadamente ou de facto, os interesses do capitalismo internacional e do imperialismo”, que se situa na linha da inspiração profunda do pensamento marxista»
As outras forças que se reclamavam da esquerda entraram muitas vezes em lutas entre si que levaram à sua fragmentação. Pequenos grupos, de cento e tal militantes no máximo, separaram-se.

Os debates, entre as várias forças, eram por vezes patéticos com discussões intermináveis e bizantinas que não levavam a lado nenhum e o objetivo principal era de saber qual era o mais revolucionário enquanto as questões principais ficavam para segundo plano.
A direita sempre foi mais pragmática, quando toca a reunir nunca se engana, mesmo a extrema-direita.

Muitos anos se passaram e a história pós vinte cinco de Abril foi muito rica em acontecimentos, mas perante o momento em que vivemos na maior crise do capitalismo, de que há memória, é dever de todas as forças de esquerda se unirem para derrotar a direita no poder e dar outro rumo ao nosso país. Se queremos realmente construir uma nova sociedade devemos começar por uma crítica e autocritica implacável da esquerda no nosso país: Partido Comunista, Partido Socialista, Bloco de Esquerda, Verdes, Renovadores Comunistas, Ecologistas, Indignados, Movimento dos Precários e outros devem pôr-se a questão:- queremos mudar ou queremos continuar a dizer que somos os melhores?
O fantasma de Marx paira novamente sobre a esquerda em todo o Mundo, temos que estudá-lo à luz do seculo XXI.

O que une a esquerda é muito mais do que a separa. Caros correligionários, como disseram os apoiantes de Hollande “é agora”.




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