É agora….
Esta vitória nunca seria
possível sem os votos da Frente de Esquerda, Partido Comunista e Verdes/
Ecologistas. Vejam-se as bandeiras hasteadas no grande comício da Bastilha.
Chegou a hora de em
Portugal assistirmos a esta união e de uma vez por todas o PS tirar o
socialismo da gaveta.
Desde a cisão dos
Partidos Sociais - Democratas na Europa, com a constituição da II
Internacional, em 1889, os comunistas afastaram-se e, pouco a pouco, os
socialistas foram renegando Marx.
Em Portugal a cisão
da II internacional com as suas fações marxistas e possibilistas dividem os
socialistas nos últimos anos da monarquia e primeiros da república. A
aproximação destes aos republicanos, apesar de não ser consensual, enfraquece o
partido e o anarco-sindicalismo sai reforçado no meio do operariado.
A formação do
Partido Comunista Português, em 1920, é feita com muito mais quadros oriundos
do anarco-sindicalismo, que dominava a Confederação Geral do Trabalho, do que
oriundos dos socialistas que se tinham unidos aos republicanos.
A unidade entre
socialistas e comunistas nunca existiu em Portugal, ao contrário da França ( Front Populaire, etc..), excetuando
momentos muito pontuais da luta antifascista.
Vejamos o que se
escrevia no Portugal Socialista, em Outubro
de 1971, após a aprovação da Declaração de Princípios da Ação Socialista
Portuguesa ( ASP).
« …Contrariamente à corrente “reformista”
atual, impropriamente denominada de “socialismo democrático”, a essência da
nossa “Declaração de Princípios” inspira-se no ideário do socialismo cientifico
do século XIX. Se bem que a nossa carta se proclame a “herdeira de uma tradição
socialista que, entre nós, já conta mais de um século”, e que nessa herança a
inspiração do socialismo cientifico se sinta com maior ou menor intensidade,
ela enuncia também, antes mesmo de repudiar o “caminho daqueles movimentos que,
dizendo-se embora socialistas ou social-democratas, acabam por servir,
deliberadamente ou de facto, os interesses do capitalismo internacional e do
imperialismo”, que se situa na linha da inspiração profunda do pensamento
marxista»
As outras forças
que se reclamavam da esquerda entraram muitas vezes em lutas entre si que
levaram à sua fragmentação. Pequenos grupos, de cento e tal militantes no
máximo, separaram-se.
Os debates, entre
as várias forças, eram por vezes patéticos com discussões intermináveis e
bizantinas que não levavam a lado nenhum e o objetivo principal era de saber
qual era o mais revolucionário enquanto as questões principais ficavam para
segundo plano.
A direita sempre
foi mais pragmática, quando toca a reunir nunca se engana, mesmo a
extrema-direita.
Muitos anos se
passaram e a história pós vinte cinco de Abril foi muito rica em
acontecimentos, mas perante o momento em que vivemos na maior crise do
capitalismo, de que há memória, é dever de todas as forças de esquerda se
unirem para derrotar a direita no poder e dar outro rumo ao nosso país. Se
queremos realmente construir uma nova sociedade devemos começar por uma crítica
e autocritica implacável da esquerda no nosso país: Partido Comunista, Partido
Socialista, Bloco de Esquerda, Verdes, Renovadores Comunistas, Ecologistas,
Indignados, Movimento dos Precários e outros devem pôr-se a questão:- queremos
mudar ou queremos continuar a dizer que somos os melhores?
O fantasma de Marx
paira novamente sobre a esquerda em todo o Mundo, temos que estudá-lo à luz do
seculo XXI.
O que une a
esquerda é muito mais do que a separa. Caros correligionários, como disseram os
apoiantes de Hollande “é agora”.
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