segunda-feira, 17 de junho de 2013

AMAR NA DIFERENÇA

A eleição do Papa Francisco tem sido recebida por inúmeras personalidades, católicas e não católicas,como uma esperança na renovação progressista da igreja. Apesar, da sua atitude durante a ditadura na Argentina que se não foi de colaboração com os crimes hediondos perpetrados pelos militares foi no mínimo de silêncio, é hoje apresentada como o franciscano amigo dos pobres. Para isto, muito ajuda a  imagem que construiu: - ténis velhos, contrastando com os sapatos Prada do seu antecessor e a recusa em  habitar num palácio.

Por outro lado, e talvez mais importante, as suas atitudes lembram os tempos retrogrados da igreja católica. O diabo, o inferno voltam a aparecer num discurso medievo-eclesiástico, assim como a prática do exorcismo, que a cúria romana ainda não esclareceu.

No último dia 13 de Junho, fomos confrontados com a apresentação em Espanha do livro Amar en la diferencia, um manual do Vaticano que considera a homossexualidade uma doença a erradicar.
Este livro, editado pela Biblioteca de Autores Cristãos, é a tradução das actas de um simpósio que teve lugar em Roma em 2008 e onde participou a alta hierarquia eclesiástica.
Juan Reig Plà bispo de Alcalá de Henares, que participou neste simpósio, foi encarregue de escrever o prefácio da edição em castelhano. " Hasta hace unos años, eran sobre todo algunos adultos los que sufrian dolorosas heridas en esta materia ( debido a su condicion de homosexuales); en la actualidade muchos jóvenes, adolescentes e incluso niños de entre cinco y doce años están siendo victimas del desconcierto sembrado - de forma planificada y sistemática - en las familias" escreve Reig Plà.

Podemos ler no livro que existe uma ideologia para destruir o plano de Deus em que o lobby gay não será alheio. Supostamente, segundo este bispo, enormes pressões foram exercidas sobre a comunidade cientifica conseguindo que as associações médicas americanas e internacionais eliminassem a homossexualidade da lista das perturbações mentais. Imaginem!  segundo ele, a força do lobby gay  conseguiu que a Organização Mundial de Saúde (OMS) também retirasse a homossexualidade da classificação internacional de doenças.

A igreja coloca-se mais uma vez contra a comunidade cientifica considerando a homossexualidade uma perturbação mental que deve ser tratada com uma terapia espiritual e também psicológica ou psiquiátrica.
Não é a primeira vez que este bispo se insurge contra os homossexuais. Durante a retransmissão da missa de sexta-feira santa pela TVE, o ano passado, Reig Plà causou uma agitação mediática e social ao declarar que há pessoas que " llevadas por tantas ideologias", acabam por " no orientar bien" a sexualidade humana e pensam que já desde crianças tem atracção por pessoas do mesmo sexo. Por vezes, para comprová-lo, corrompem-se e prostituem-se, ou frequentam clubes nocturnos para homens. Terminou dizendo: - asseguro-vos que eles irão encontrar o inferno.

Imagens deste bispo, em 2009, celebrando uma missa no Vale dos Caídos, à frente de uma bandeira franquista, foram apresentadas.
Já em 2011, no site do bispado, davam-se conselhos para "curar" a homossexualidade.

Rezemos para que este nunca chegue a Papa.





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