segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

CULTURA DE PREVENÇÃO





A Cultura da Prevenção

Mais vale prevenir que remediar, assim diz o povo. Mas, infelizmente, neste cantinho à beira mar plantado, atravessado por muitos povos, não passa de uma frase feita.
Não sei se a culpa é da nossa herança judaico-cristã ou se daqueles outros povos que trouxeram até nós o fado.
A verdade é que para nós todos os acidentes que acontecem são azares. Já estava fadado. Bem podem especialistas de várias áreas explicarem que o centro de convívio de Vila Nova da Rainha tinha muitos erros de construção: chaminé da salamandra mal colocada, esferovite e outros materiais inflamáveis colocados entre o tecto e o telhado, porta que abria para dentro, porta sem barras de segurança, falta de sinalética, etc..
Bem podem explicar as causas dos incêndios florestais, dos acidentes rodoviários e como se pode e deve prevenir, mas não serve de nada.
A verdade é que as vistorias não são feitas ou se são não se cumprem as indicações e os regulamentos, a reforma florestal não é feita, não se investe em prevenção na saúde, etc.
O mal só acontece aos outros. Mas prevenção de acidentes nunca. Claro que os custos para remediar a falta de prevenção são muito maiores. Mas o país é rico…
Porém, nem todos pensam assim. Senão vejamos, a seguir ao desastre do centro de convívio de VN da Rainha, o Presidente da República disse que tudo estava em ordem, as vistorias tinham sido realizadas e foi um azar a porta abrir para dentro e a outra porta não estar visível (parece até que estava fechada a sete chaves).
Quando foi dos incêndios em Pedrogão, no primeiro dia, o Presidente Marcelo entrou de rompante para dirigir-se aos populares. Um membro da proteção civil disse-lhe em bom som: "Sr. Presidente é perigoso ir por aí", pois foi por ali que ele foi.
Bem pode a Direção Geral de Saúde publicar lindos folhetos sobre o risco de acidentes na terceira idade com pavimentos escorregadios em casa ou na rua ou com as varandas perigosas espalhada em prédios por todo o país que poucos ligam.
Gastam-se milhões de euros a curar o que falha na prevenção. Todos os anos assistimos a mortos, feridos, estropiados por incúria de quem nos governa.
Por mais aviões e água que se gaste a apagar fogos, não resolvemos os incêndios florestais. Por mais obras que se façam sem vistorias competentes e exigência de cumprimento de regulamentos, todos os anos vamos ter edifícios assassinos (ponte de Entre-os-Rios, salas em Vila Nova da Rainha, estádios de futebol, queda de crianças de andares e de idosos em suas casas ou nas ruas e o rol não tem fim). Por mais leis e regulamentos aprovados se não houver fiscalização tudo irá continuar na mesma. O combate à ignorância e à falta de cultura da prevenção, que não é mais que o desrespeito pelos outros, deve começar desde o berço e seguir por toda a vida e, Sr. Presidente, não podemos esquecer que o exemplo vem de cima.
Como já alguém disse, não se pode inventar um povo. O grande problema consiste em interpretá-lo e esclarecê-lo.

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