sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

MUNDO CÃO II

MUNDO CÃO II


Hoje foi notícia que o Conselho da Europa abriu um inquérito, com pedido de esclarecimento à OMS, sobre as relações da indústria farmacêutica com os “experts “ da organização.

Em questão está a declaração de “ pandemia “ da gripe A / H1N1 e a sua “ ineficiente” estratégia de vacinação.

Em Setembro de 2005, a previsão do número de mortos pela gripe aviaria era de 150 milhões, mais tarde a OMS veio a confirmar que este número não excedeu os 250.

A campanha feita à volta da gripe aviaria está também a ser investigada pela EU.

A OMS estimou que no fim de 2009 teriam morrido com complicações da gripe A cerca de 10 000 pessoas. A gripe sazonal mata entre 250 000 e 500 000 em média por ano de acordo com estimativas feitas pela Organização.

Já classificaram esta falsa pandemia como o maior escândalo médico do último século.

Todavia, é preciso separar o trigo do joio sobre o risco de cairmos em outros erros mais graves. Não parece existir dúvidas que os grandes trusts farmacêuticos influenciaram a OMS nas decisões que tomou em todo este processo, sobretudo com a ajuda dos media para espalhar o pânico no planeta obrigando os países a comprar mais doses de vacinas do que provavelmente necessitariam. Porém, o vírus existe e provocou 12 799, dados da OMS a 3 de Janeiro de 2010, e na maioria dos estudos científicos publicados a vacina tem actuado.

Sempre fui adepto da vacinação como o melhor método para proteger as pessoas das doenças e como forma de erradicação de outras. Veja-se o caso da varíola, poliomielite e sarampo que tantas mortes causaram. Por outro lado, sei que a ganância da indústria farmacêutica é enorme e na corrida aos lucros fabulosos admito que o interesse das populações fique para segundo plano.

É preciso alertar que a cruzada antivacinas que percorre a Internet, com muita persistencia nos USA, nomedamente a recente acusação contra a vacina do rotavirus, que visa proteger dum vírus causador duma diarreia infantil, que salva todos os anos no mundo milhares de crianças, foi acusada de ser a causadora do autismo.

Um dos cientista que preparou esta vacina, Paul Offit, foi também acusado de receber dinheiro da indústria farmacêutica. Um artigo publicado numa das maiores revistas de divulgação médica, The Lancet, e assinado por Andrew Wakefield e treze co-autores, veio alertar e confundir os pais misturando dados científicos com ignorância. Este artigo descrevia 12 casos de crianças que desenvolveram uma estranha doença intestinal e uma alteração no desenvolvimento. Em nove destes casos foi diagnosticado autismo e em 8 os pais associaram a aparição desta alteração com a vacinação dos seus filhos pela tríplice (sarampo, rubéola, papeira). Cada ano centenas de milhares de crianças tomam esta vacina e, por outro lado, com ou sem vacina muitas crianças desenvolvem autismo. O mais provável é que tenha sido uma coincidência nessas crianças.

Porque é que a revista The Lancet publicou este artigo, não sabemos. Mais tarde, veio a lume que o autor ocultou um conflito de interesses, pois tinha recebido dinheiro de um grupo de pais, para ver se existia alguma base científica com o objectivo de iniciarem uma acção legal. Dez dos 13 autores do artigo retrataram-se, negando existir alguma relação entre a vacina e o autismo, segundo contou, mais tarde o ex director do BMJ (outra revista médica de grande divulgação) Richard Smith.

Não estávamos acostumados a assistir à venalidade de médicos, investigadores e dirigentes de Organizações Internacionais com grandes responsabilidades.

Temos que retirar lições e custa-me a alinhar num falso moralismo em que a culpa é só da falta de ética e da ganância dos homens.

Não será antes a própria sociedade que tem sido construída e desenvolvida pela influência de economistas como Milton Friedman, prémio Nobel em 1976, que originou os yuppies dos anos 80.

1 comentário:

  1. Li com muita atenção este artigo. Não sei o que justifica estas acções e estas notícias, mas o que é facto é que criam no cidadão comum um descrédito enorme na Medicina e nas Organizações. O que é grave é muito grave!

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