sábado, 12 de junho de 2010
HOMENAGEM A ABILIO MENDES
HOMENAGEM A ABILIO MENDES
BOM DIA a todos.
Queria, em primeiro lugar, agradecer à Câmara Municipal de Lisboa, na pessoa da Drª Catarina Vaz Pinto, Vereadora da Cultura, a linda homenagem ao meu pai que se está a realizar.
Drª Catarina peço-lhe que transmita os meus agradecimentos a toda a equipa da Câmara que trabalhou mais de perto neste projecto. Drªs Teresa Gil, Cristina Bento, Paula Levy, Patrícia Melo e Castro, Isménia Neves e Dr. António Oliveira.
Agradeço também as palavras do Grão Mestre Adjunto do Grande Oriente Lusitano, Dr. António Justino Ribeiro, que muito me sensibilizaram, assim como a mensagem amiga do Dr. Fernandes Fafe, amigo, diplomata e escritor.
Aproveito para enviar um muito obrigado ao Conselho de Administração do Hospital dos Lusíadas e em especial ao Dr. Nobre Leitão pela pronta cedência do auditório e da oferta do Porto de Honra.
Ao Dr. Pedro Grilo, grande impulsionador desta iniciativa, o meu enorme reconhecimento pelo carinho e empenhamento que pôs na realização deste evento, que sem ele não teria sido possível. Peço um grande aplauso.
“Last but not the least”, a todos os amigos que aqui se deslocaram solidarizando-se com esta homenagem, num sábado de manhã, a seguir a um feriado. A eles muito obrigado sobretudo aos que apesar da avançada idade cronológica, mas com uma eterna juventude, se deslocaram de Sever do Vouga, Caldas da Rainha, Évora e Algarve.
Os dados biográficos do meu pai estão bem transcritos na brochura que os serviços da Câmara editaram e que agora distribuíram.
Por isto não me vou alongar na vida do puericultor, que baseado no estudo da escola behaviorista e de Pavlov, criou um ensino de alimentação infantil próprio, que privilegiava, não só os nutrientes como a forma de comer, diferente das escolas académicas, nem do pedagogo no seu ensino continuado aos pais, baseado nas leituras dedicadas à Pedagogia Cientifica, à Escola Activa e aos Filósofos do socialismo. Nem ao tratamento do eczema atópico ou dos Angiomas.
Estas foram algumas das causas do sucesso da sua clínica, durante três gerações consecutivas.
Todos os presentes conheceram, de uma maneira ou de outra, o meu Pai, os consultórios da Travessa do Calado e depois da António Augusto de Aguiar, a figura da D. Odete … , a consulta na CNE e depois EDP, com a competência profissional da enfermeira Edite, E todos têm certamente inúmeras e gratas recordações.
No regresso da Suíça, fui trabalhar com o meu Pai e o meu irmão no consultório. Aprendi muito com eles, ensinaram - me aquilo que as Escolas Medicas não ensinam. Recordo que ele me dizia: Nunca olhes para o relógio durante a consulta, nós estamos a ser observados por toda a família e esse gesto é a maior falta de respeito pelo doente.
Conceitos, que hoje parecem ultrapassados, como a disponibilidade completa para os doentes e as suas famílias, ouvir, reflectir, ter tempo para perguntar, e estudar.
O sentido, que o medico está ao serviço da sua comunidade e deve estar preparado para cuidar das seus molestares e tratar os doentes e não apenas as doenças.
É por isto que a Medicina não pode ser um negócio, nem os hospitais geridos como as antigas fábricas, tão bem caracterizadas nos TEMPOS MODERNOS de Charlie Chaplin.
A atenção ao desenvolvimento da criança, numa visão holística da medicina, foi uma constante na sua clínica. Cito uma frase dum dos seus artigos de divulgação: “ … É, informados neste programa que sempre dizemos às Mães: Vale mais educar do que engordar”
As Faculdades têm de perceber que para o ensino da Medicina, as ciências humanas são tão importantes como as ciências naturais.
Os conceitos de liberdade e democracia que perfilhou, ainda adolescente, foi o legado que nos deixou a mim e ao meu irmão e que ambos tentamos transmitir aos nossos filhos e netos.
No centenário da República vem a propósito recordar uma história que ele contava, sobre Tomé de Barros Queiroz, que além de primeiro-ministro, da 1ª República, foi durante anos Presidente do Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro de Lisboa. Um dia, fez a viagem Lisboa/ Porto em 3ª classe, perante o espanto do revisor que o reconheceu: “então o Senhor Presidente em 3 ª classe?” Ao que ele respondeu. “ Porquê existe 4ª?”
Nunca esqueci uma das muitas frases que ele nos dizia: “Não há nada melhor para uma pessoa que olhar-se todas as manhãs ao espelho e ficar satisfeito com o que vê”.
Na parede do escritório lá de casa havia um quadro, oferecido por um amigo, com a sua caricatura e uns versos, que diziam:
Democracia! Imortal! Nunca serás vencida!
Creio em ti, e esta crença é toda a minha fé!
Um ideal como o teu não cai nem se intimida
Enquanto um Abílio Mendes ainda restar com vida
Enquanto um filho teu ainda existir de pé!
E eu agora acrescento enquanto um neto ou um bisneto teu ainda existir de pé.
Convido agora a Drª Catarina Vaz Pinto e todos os presentes a dirigirem-se ao auditório do Hospital dos Lusíadas, onde se servirá um Porto de Honra seguido de um pequeno convívio.
Muito Obrigado!
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