“Cinco contra um”
Domingo, 23 de Janeiro, o dia mais frio do ano, fico em Lisboa para cumprir o meu dever cívico: Votar.
Desloquei-me com a Teresa à minha assembleia de voto, ritual que cumprimos desde as primeiras eleições, o que normalmente fazemos a pé.
A Teresa tem o número de eleitor a seguir ao meu, visto termo-nos recenseado ao mesmo tempo. Qual não foi o nosso espanto quando se verificou que o seu nome não constava na lista de votantes daquela secção e outra pessoa teria ficado com o seu número de eleitora, dirigimo-nos aos funcionários da Junta de Freguesia presentes, para nos esclarecerem e podermos exercer o direito de voto.
Devia ser tarefa fácil, no país do “simplex” e do “Magalhães”, pura ilusão, existiam apenas 2 computadores e só um ligado à Internet e para cúmulo a ligação com o site do governo acabava de pifar. Mais tempo de espera…, eleitor sofre…., depois de uma campanha triste e sem interesse, isto foi como se costuma dizer a gota de água que fez transbordar o copo.
Mas, após muitos esforços, a Teresa lá conseguiu votar noutra assembleia de voto pertencente a outra freguesia, e tudo isto por culpa do CARTÃO DE CIDADÃO.
Neste fatídico dia, isto por causa da eleição do Cavaco, ficámos a saber que o quarto de dormir e o escritório do nosso apartamento ficam na freguesia do Beato e a sala de jantar e a cozinha na freguesia do Alto do Pina.
Que saudades que eu tenho dos antigos actos eleitorais que decorriam calmamente nos écrans de televisão, com previsões que nunca acertavam, assim como os palpites dos comentadores. Podíamos ficar com os amigos a conversar e a petiscar uns queijos e presunto e a saborear um bom vinho, até de madrugada.
Ontem, tudo foi muito rápido, nem deu para ouvir os comentadores, apenas se liam algumas frases soltas nos rodapés que apareciam no “zapping” frenético que insistíamos em fazer.
“ O Alegre fez um bom discurso de derrota”, é um comentário triste.
“ O Nobre surpreendeu!”, não se sabe quem? Afinal personificava a vingança dos Soares
“ O Lopes ficou abaixo do Jerónimo e do Carvalhas”, este último ainda está no primeiro lugar do ranking dos comunistas presidenciáveis.
“ É preciso seguir com atenção o percurso do Coelho, na Madeira”.
“ O discurso do Cavaco foi desolador, um homem ressabiado e vingativo”. Nem sequer cumprimentou os seus adversários, como manda a etiqueta democrática.
Houve mesmo quem dissesse que era um Presidente oriundo do Povo, comparando o filho dum comerciante do Poço ou melhor Fonte do Boliqueime, com o metalúrgico Lula da Silva, esse sim oriundo do Povo.
A única coisa que aprendi e retive foi a afirmação do meu querido amigo Medeiros Ferreira de que o “estado social” vem desde o Marcelo Caetano.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
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