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O Avanço da Direita
Ainda a lei da interrupção voluntária da gravidez e o avanço da Direita
A Direita em Portugal aproveitou a crise financeira para tentar acabar com todas as regalias conquistadas pelas forças progressistas depois do 25 de Abril.
O direito ao trabalho, a remuneração justa, as férias, os abonos de família, a comparticipação em medicamentos e exames complementares de diagnóstico, o acesso universal aos cuidados de saúde e ao ensino são varridos para debaixo do tapete.
O ataque ao Estado Social, as privatizações das empresas lucrativas e a destruição do Serviço Nacional de Saúde Constitucional remetem o nosso país para os anos trinta do século passado.
Este é o momento propício para a Direita vir a terreiro tecer armas novamente contra a lei da interrupção voluntária da gravidez (IVG).
Primeiro, penso que por ingenuidade e sem más intenções, o Prof. Miguel Oliveira e Silva, presidente da comissão de ética nacional, vem pôr em causa algumas deficiências da lei.
Segue-se Zita Seabra, com um artigo publicado no Jornal de Noticias, de 3 de Abril e transcrito no Boletim da Ordem dos Médicos do mesmo mês, pondo em causa a lei da IVG e imagine-se do divorcio, que ela apelida de “divorcio à la carte”.
Por último Passos Coelho, em plena campanha eleitoral, ressuscita o “fantasma”, com o argumento “democrático” que todas as leis podem ser postas em causa.
Mas afinal, qual foi o problema levantado pelo Presidente da Comissão de Ética e seguido do acordo do actual Bastonário e de mais médicos.
Chama-se a atenção que, cerca de 250 mulheres, representam 1,2% do total, segundo os dados da Direcção Geral da Saúde, recorreram 3 vezes ou mais á IVG e faltaram às consultas de planeamento familiar.
Para as penalizar propõem-se que paguem taxas moderadoras, não dizem se logo à segunda interrupção ou à terceira.
Eu proponho mesmo, que sejam chicoteadas em público ou quiçá queimadas na fogueira, depois de devidamente julgadas.
Espanta-me que tão doutos senhores, Professores de Medicina e de Ética, não se tenham apercebido que as medidas policiais de saúde pública, vigentes no século XIX estão há muito ultrapassadas em Portugal pelo menos desde Ricardo Jorge.
Os médicos devem trabalhar em equipas multidisciplinar e neste caso concreto a acção das assistentes sociais é fundamental, são só 250 mulheres em todo o país.
Este é um problema de saúde pública e como tal deve ser tratado, com a educação para a saúde e esclarecimento das populações.
A CAÇA ÀS BRUXAS
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