A 14 de Dezembro de 1939 nasceu o meu querido e saudoso irmão Abílio. Se fosse vivo faria hoje 79 anos. A vida pregou-nos, a mim, à minha família e aos amigos, uma partida e retirou-o cedo do nosso convívio. Faleceu meses antes de perfazer cinquenta anos.
Desde muito novo entrou na luta antifascista, primeiro no movimento estudantil, como destacado dirigente, e depois na luta política e sindical, tendo sido fundador e membro da Direcção do Sindicato Medico e tendo estado nas origens do Partido Socialista e mais tarde na formação da UEDS
Abílio possuía uma inteligência e uma cultura invulgar, em tudo o que se metia destacava-se. Quando frequentava o 3º ano de Medicina, resolveu fazer uma incursão no Teatro e inscreveu-se no Conservatório Nacional, o seu espírito rebelde e a sua verve acutilante levou à sua expulsão ao fim de um ano pelo então Director Ivo Cruz. Perdeu-se um excelente actor e ganhou-se um excelente Medico e Pediatra.
Dirigente na altura das greves estudantis de 1962, já quintanista de medicina foi, de novo, expulso da faculdade de medicina de Lisboa, tendo terminado o curso no Porto.
Foi mobilizado para guerra em Angola em 1965, terra onde criou muitos amigos e à qual ficou ligado para sempre. Os dois livros que escreveu "Henda Xala" e "Coisas de África - Arquive-se" foram a expressão escrita da vivência da guerra e de Angola.
Exerceu numerosos cargos, escreveu inúmeros artigos em jornais e revistas cientificas mas, nesta pequena efeméride, quero lembrar o irmão e o Homem solidário, que não podia ver um amigo mal que logo corria em seu socorro.
Já passaram vinte e nove anos e o Abílio continua vivo entre nós.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
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Na centelha do conhecimento nasce a luz do ser humano. Um exemplo raro de humanismo e coragem que infelizmente não tive a oportunidade de conhecer.
ResponderEliminarO Tempo não para...mas o amor e a memoria são intemporais
ResponderEliminarEu tive o prazer de o conhecer. Foi o 1º pediatra a ver os meus filhos. Depois foi o Sr. seu pai e o próprio Dr.
ResponderEliminarTodas as vossas orientações foram respeitadas e muitas delas ainda hoje são cumpridas.
Estou grata aos três
Cumprimentos para si
Ana
Beijinhos Ana
ResponderEliminarEu tive o privilégio de conhecer o Dr. Abílio Mendes, alferes miliciano médico, que muitas vezes ajudou a minha companhia (CCaç. 2505), em 1969, no norte de Angola, numa terra de ninguém, no Dange, região dos Dembos.
ResponderEliminarFoi para nós um excelente médico e um grande amigo. Continuamos a recordá-lo, nos almoços anuais de confraternização.
Deixou uma grande saudade!
Conheci bem o Abílio através de outros dois amigo já falcidos, os Profs Mário Faria e o João Sennfelt. A última vez que estive com ele foi no grupo de estudos da saúde do PS em que fiz com o Mário Faria uma abordagem sobre Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional a convite, julgo, do João Sennfelt que tinha responsabilidades nesse grupo. Recordo com saudade um "contador de histórias" em que calçado, "gozei" o prazer de o ouvir partilhar histórias com outros dois competentes contadores de histórias. tenho saudades dessa geração culta e dedicada mais a causas do que a interesses ou o vil metal ... Abraço
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